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Médicos contaminados com a covid-19 são hostilizados fora do expediente

CRM recebeu queixas de profissionais atuantes em Dourados, o epicentro da pandemia, sofrendo preconceito por terem sido infectados

Maressa Mendonça | 24/06/2020 16:24
Médicos contaminados com a covid-19 são hostilizados fora do expediente
Pessoas que trabalham na linha de frente no combate ao coronavírus são mais vulneráveis a contrair a doença; na imagem o Hospital da Vida, em Dourados (Foto: Divulgação/PMD)


Médicos contaminados pelo novo coronavírus em Dourados, município considerado o epicentro da doença em Mato Grosso do Sul, localizado a 224 quilômetros de Campo Grande, estão sendo hostilizados nas redes sociais e fora dela por terem contraído a covid-19.

 Há relatos de profissionais abordados em supermercados e até de limpeza extra assim que deixam um ambiente. O CRM (Conselho Regional de Medicina) publicou nota de repúdio sobre o assunto.

Conforme a assessoria de imprensa do CRM, três casos já estão sendo analisados pelo Conselho. Em um deles, o médico contou ter sido abordado no mercado por um morador da cidade que o ofendeu.

Outro profissional disse que o elevador do condomínio recebe desinfecção extra assim que ele sai do equipamento e um terceiro teve de publicar aviso nas redes sociais informando não ter contraído a doença para evitar a enxurrada de comentários agressivos.

Em nota, o CRM comentou que a situação está gerando um grande mal estar entre os profissionais fazendo até com que alguns repensem se querem continuar atuando em hospitais e postos de saúde.

 O presidente do CRM em MS, Maurício Jafar considera a situação inadmissível. “ Ninguém deve passar por tamanho constrangimento principalmente no momento em que estamos vivendo. Temos recebido relatos de médicos que estão bastante preocupados com sua integridade física e mental e já cogitam se afastarem de suas atividades por receio de represálias”, declarou.

A orientação do Conselho é que os médicos atingidos entrem em contato com a entidade e informem sobre os casos para que eles tomem providências. Injúria é crime com pena de detenção de um a seis meses.

“Além da preocupação do alto risco de contaminação em desenvolver as atividades médicas, quando somos afetados ainda temos este agravante de hostilização por parte da sociedade”, lamentou o presidente do CRM, enfatizando que isto desestimula os profissionais na linha de frente no combate ao coronavírus. “Se esta situação continuar certamente em breve não haverá um único profissional disposto a atuar”, opinou.

 O Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis em Mato Grosso do Sul) também emitiu nota em solidariedade aos médicos de Dourados e lembrou que injúria ou difamação são crimes previstos no Código Penal, com multa e até prisão. O mesmo vale para agressões via internet”.

Na nota, o presidente em exercício do Sinpol, Pablo Rodrigo Pael disse se solidarizar com a situação dos médicos. “Entendemos muito bem o quão difícil é estar na linha de frente em um momento de pandemia como o que atravessamos, e reprovamos esse tipo de comportamento, lamentável e inadmissível", afirmou.

Mato Grosso do Sul tem hoje 6.201 casos confirmados do coronavírus e 56 óbitos em decorrência da doença.


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