Saúde aposta em reorganização de hospitais contra a “ambulanciaterapia”
Rede contará com unidades regionais em cidades polo e grupo de 9 municípios com serviços intermediários
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A Secretaria Estadual de Saúde implementou a Política Estadual de Incentivo Hospitalar (Pehosp) para reorganizar a rede hospitalar e reduzir a dependência da "ambulanciaterapia", que consiste no envio de pacientes para Campo Grande. O plano inclui a ativação de leitos em Dourados e a ampliação de serviços em nove cidades menores, visando facilitar o acesso a cuidados especializados. Além disso, o Hospital Regional de Campo Grande será gerido por uma Parceria Público-Privada, com edital previsto para dezembro. O secretário Maurício Simões Corrêa, que também atua como médico, enfatizou a importância da atenção primária na prevenção de doenças crônicas, destacando que um bom cuidado inicial pode evitar complicações que exigem tratamentos mais complexos.
Após mapear toda a rede hospitalar pública e os serviços disponíveis em cada unidade nos municípios, a Secretaria Estadual de Saúde atualizou o Plano de Regionalização Integrado e, na sequência, criou a Pehosp (Política Estadual de Incentivo Hospitalar), uma iniciativa que remunera os serviços cotidianos e oferece um adicional para as instituições ampliarem atendimentos.
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Uma mudança para tentar diminuir a dependência ao que se convencionou chamar de “ambulanciaterapia”, o envio de doentes para Campo Grande. O secretário Maurício Simões Corrêa falou ao podcast Na Íntegra, do Campo Grande News, sobre os planos que classifica como uma nova arquitetura de rede hospitalar.
O Estado mantém hospitais regionais em Campo Grande, Ponta Porã e Três Lagoas. No fim do ano, começará a ativar leitos na unidade de Dourados e projeta uma instituição para Corumbá, formando as cinco cidades-chave do novo desenho. Além dessas, nove cidades menores passam a ampliar serviços com o propósito de evitar que pacientes precisem se deslocar por grandes distâncias para ter acesso a cuidados especializados. No futuro, a dependência da rede na Capital deverá se restringir a casos específicos, estima Simões.
A reorganização dos serviços favoreceu a regulação, para que não se resuma a vagas pontuais, e permitirá um fluxo contínuo, e não apenas um programa temporário, como ocorreu com o mutirão de cirurgias do MS Saúde. Estado e cidades com gestão plena dos serviços conseguem trabalhar de forma cooperada. “Essa regulação estrutural não estava adequadamente atualizada.”
Enquanto seguia na estruturação e divulgação do Pehosp, cujos contratos estão sendo assinados aos poucos, alguns hospitais já estavam ampliando os atendimentos e recebendo por isso, como na traumatologia, segundo o secretário, situação que acabou ajudando a reduzir o volume de pacientes encaminhados à Santa Casa, referência do SUS na Capital.
Se o hospital colocar o paciente na ambulância e transferir para a Capital, vai ficar sem o recurso.”
Na entrevista, o titular da pasta também afirmou que está discutindo com a Sesau (Secretaria de Saúde de Campo Grande) sobre o contrato com a Santa Casa, que menciona ter mais de 40 aditivos e sofreu "esgarçamento e distorção". Para ele, é preciso que cada esfera aponte os serviços que espera receber da instituição para pacientes da rede pública e, então, deve ser feita uma nova contratualização. O impasse com o hospital é antigo e há até ação na Justiça para cobrar valores da Prefeitura. O Estado também efetua transferências para a Santa Casa para pagar por atendimentos.
Parceria Público-Privada -Uma peça chave na estrutura hospitalar sob comando do Estado, o Hospital Regional de Campo Grande terá a gestão repassada ao setor privado, por meio de PPP, a ser arrematada na B3, em São Paulo, em dezembro. O secretário disse que o modelo foi bastante estudado; ele visitou alguns estados onde já é adotada essa forma de administração. Segundo ele, chegou-se a um edital e a um contrato seguros, que permitirão ao Estado alcançar o avanço nos serviços como pretende e garantir viabilidade financeira para a empresa selecionada.
Médico e gestor – Simões é especializado em cirurgias de cabeça e pescoço. Ele explicou que ao aceitar o convite para a secretaria, em 2023, deixou claro que precisava reservar parte de seu tempo para continuar clinicando e operando. Assim, mantém os atendimentos no fim do dia e opera aos sábados. Para ele, essa conexão com pacientes o mantém atento aos desafios como gestor.
Enquanto explicava seus planos à frente da reorganização da rede hospitalar, o secretário aproveitou para destacar a relevância dos cuidados primários, preocupação dele como médico. Segundo ele, doentes com pressão alta, diabetes e colesterol alto, quando bem cuidados na atenção primária, deixam de progredir para quadros renais crônicos que necessitam de serviços mais especializados, como a penosa hemodiálise, dica que ele sempre faz questão de lembrar.

