Diretor-executivo da PF aponta MS como chave no combate à criminalidade no País
Declaração foi feita durante reunião do Comando Bipartite, em Ponta Porã, com autoridades do Brasil e Paraguai
Durante a reunião do Comando Bipartite realizada na manhã desta quinta-feira (26), em Ponta Porã, o diretor-executivo da Polícia Federal, William Marcel Murad, fez um discurso direto ao cobrar que a cooperação internacional entre as forças de segurança seja mais do que retórica. Para ele, o desafio na região de fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina é transformar a integração em prática constante e eficaz.
RESUMO
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A Polícia Federal reforça a necessidade de cooperação entre Brasil e Paraguai no combate ao crime organizado na região de fronteira. Durante reunião do Comando Bipartite em Ponta Porã (MS), o diretor-executivo nacional da PF, William Marcel Murad, enfatizou que a impunidade prospera onde há falta de integração entre os países. Um novo acordo de cooperação foi oficializado entre autoridades brasileiras e paraguaias, inspirado nas experiências da tríplice fronteira. A iniciativa visa aprimorar o compartilhamento de informações e fortalecer a capacidade de resposta a eventos críticos, garantindo que nenhum dos países sirva de refúgio para criminosos.
Murad destacou a importância estratégica da região oeste do Estado no cenário nacional de segurança pública. Segundo ele, os indicadores da criminalidade na região superam os de diversas unidades da federação.
“Os números do Mato Grosso do Sul são impressionantes. E isso mostra como a atuação integrada aqui não é apenas desejável, mas essencial”, pontuou. O diretor citou a fala do diretor-geral da PF, repetida como lema da instituição nas operações transfronteiriças: “Ou vencemos juntos ou perdemos isolados em ilhas.”
Segundo o discurso da integração e da cooperação, ele avalia que o "o grande desafio é tirarmos essa necessidade do papel e do discurso para a prática”, afirmou Murad, no auditório da Receita Federal, onde ocorreu o encontro entre autoridades brasileiras e paraguaias.
Para o diretor-executivo que a reunião desta quinta-feira marca um momento histórico, que será lembrado como um divisor de águas no combate à criminalidade na fronteira entre Brasil e Paraguai.
“Conversava com um colega do Paraguai e disse: isso estará registrado na história daqui a cem anos como o pontapé histórico no enfrentamento da criminalidade transnacional em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.”

O diretor ressaltou que o modelo do Comando Tripartite, com quase 30 anos de experiência entre os três países, deve servir de base para a atuação do novo comando bipartite na linha entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.
“Não há nenhuma mágica nisso. É um mecanismo real, ágil, que funciona na ponta. E estamos aqui hoje para dar um impulso estratégico e político para que esse modelo funcione, sem entraves burocráticos, com monitoramento constante dos resultados”, declarou.
Segundo Murad, os resultados já podem ser mensurados. Ele citou um crescimento de quase oito vezes no número de documentos gerados pelo comando tripartite no Brasil nos últimos cinco anos, o que indica avanço nos fluxos de cooperação.
Durante o discurso, o diretor-executivo também agradeceu o trabalho de diferentes áreas da Polícia Federal envolvidas com a integração internacional e o combate ao crime organizado. Fez menções diretas ao coordenador-geral de inteligência da PF, Jaime, e às diretorias de combate ao crime organizado e à cooperação internacional.
“Sem o apoio direto dessas estruturas e pessoas, não conseguiríamos dar os passos que estamos dando”, disse. Também agradeceu a Receita Federal pelo apoio ao evento, classificando o órgão como “grande parceiro”.
Ao se dirigir ao comissário César Silveiro Lobos, diretor-geral da Polícia Nacional do Paraguai, Murad reafirmou o apoio irrestrito da cúpula da PF brasileira para fortalecer o novo modelo de atuação conjunta.
“O senhor tem, a partir de agora, uma responsabilidade enorme, mas saiba que terá apoio incondicional da Polícia Federal do Brasil, de suas diretorias e da superintendência no Mato Grosso do Sul.”
Trato de confiança - O chefe da Polícia Federal em Ponta Porã e responsável pela estrutura brasileira do Comando Bipartite entre Brasil e Paraguai, Cenir Silveira, reforçou que o acordo firmado entre os dois países representa um instrumento robusto de cooperação policial internacional. Ele é bem otimista. “Esse encontro permitirá respostas rápidas a delitos como o tráfico de drogas, de armas, a lavagem de capitais e a atuação de facções transnacionais”, avaliou.
Silveira explica que trata-se de um acordo técnico-operacional, com foco em ações diretas, coordenadas e eficazes. "O Comando Bipartite, a exemplo do exitoso modelo tripartite estabelecido na tríplice fronteira, representa uma estrutura permanente e articulada de troca de informações”.
O novo modelo tem como objetivo ampliar a capacidade de resposta a delitos transnacionais, como tráfico de drogas e armas, lavagem de dinheiro e a atuação de facções criminosas que operam nos dois países.
Além disso, a rede de cooperação também vai viabilizar o intercâmbio de informações em tempo real sobre foragidos da justiça, veículos roubados e localização de bens de origem criminosa, respeitando os limites legais de cada país.
“Mais do que um pacto de boas intenções, o Comando Bipartite é um trato de confiança, de compromisso técnico e de compartilhamento de informações em tempo real, com absoluto respeito à soberania nacional e aos marcos legais de cada país.”
Silveira enfatizou que o espaço de diálogo inaugurado entre Brasil e Paraguai não será meramente simbólico. Para ele, a proposta é manter o comando como um organismo vivo, com operações concretas e capacidade de integrar pessoas, sistemas e instituições.
“Confiamos que este espaço de diálogo permanente será, acima de tudo, uma ferramenta de fortalecimento da segurança regional, com reflexos concretos na proteção das populações que vivem sob o impacto direto da criminalidade da fronteira.”
O chefe da PF em Ponta Porã reforçou a disposição institucional do Brasil em garantir que o acordo vá além da formalidade. “Concluo reiterando nossa disposição institucional em garantir que o Comando Bipartite não seja apenas um protocolo assinado, mas um mecanismo vivo, atuante e referencial, capaz de integrar pessoas, sistemas e operações, com a missão comum de proteger nossas fronteiras e nossas comunidades.”