“No Pix”: Certos da impunidade, vereadores receberam até R$ 120 mil em propina
Investigação aponta como verba para comprar equipamentos hospitalares "evaporou"

O dinheiro saía da empresa participante de esquema de desvio de recursos hospitalares diretamente para a conta do destinatário corrupto ou por meio das contas bancárias de terceiros. Sempre via Pix. Era assim que vereadores de Sidrolândia que formaram o “G8” para se opor à gestão de Vanda Camilo (PP) receberam, em 2022, até R$ 100 mil em propina de uma só vez, segundo investigação do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que desencadeou nesta terça-feira (18) a Operação Dirty Pix.
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Os dois métodos de “pagamento” foram usados pelo diretor do Hospital Beneficente Elmira Silvério Barbosa, Jacob Breure, para impulsionar a formação da frente de oposição na Câmara de Sidrolândia e comprar o apoio dos parlamentares, conforme as apurações. “Embora o ato de formação de blocos políticos seja legítimo, o contexto apurado pela investigação – envolvendo repasses de dinheiro público a parlamentares – aponta para a possibilidade de que tais articulações tenham sido impulsionadas por recursos ilícitos, com objetivo de influenciar a estrutura de poder dentro da Câmara”, afirmam os promotores Bianka Mendes, Adriano Libo Resende e Humberto Lapa Ferri ao fazer pedido para mandados de busca e apreensão contra investigados.
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De acordo com o Gecoc, três vereadores receberam dinheiro “sujo” via Pix sem nem tentarem dissimular a origem: Cledinaldo Cotócio, Izaqueu de Souza Diniz (o Gabriel Autocar) e Cleyton Martins Teixeira. O maior valor foi parar na conta de Izaqueu, R$ 120 mil em duas parcelas – R$ 100 mil em 27 de outubro de 2022 e R$ 20 mil no dia seguinte.
Para os promotores, as transferências diretas demonstram “a confiança dos envolvidos na impunidade”.
Já pelo outro método, o chamado pooling accounts (distribuição e depois agrupamento de contas), foi usado para pagar os vereadores Enelvo Iradi Junior, José Ademir Gabardo, Elieu da Silva, Cristina Fiuza e Yuri Morais.
“Outros vereadores recorreram ao uso de intermediários com objetivo de mascarar a prática de corrupção”, ressaltaram os responsáveis pela investigação. Um destes atravessadores chegou a ter “em caixa” R$ 482.500,00.
O recurso “dividido” entre o diretor dos hospitais e seus apoiadores políticos é de origem estadual. Eram R$ 5,4 milhões para a compra de uma ressonância magnética e uma autoclave. Os equipamentos nunca foram entregues, de acordo com o Gecoc.
Ainda conforme as apurações, parte desse dinheiro foi desviada por meio das empresas Farma Medical e Pharbox, pertencentes ao mesmo grupo econômico.
A Pharbox Distribuidora Farmacêutica afirma, contudo, que não participou de nenhum repasse irregular e que foi, inclusive, vítima de exigências consideradas “chantagem” por parte a direção do Hospital Elmira Silvério Barbosa. Em nota enviada ao Campo Grande News, a farmacêutica afirma que sua única relação com a instituição hospitalar foi a venda de uma ressonância magnética Siemens e de uma autoclave industrial, entregues e instaladas em 2023.
Sobre o conteúdo da investigação, as defesas dos outros investigados ainda não se pronunciaram, mas o espaço segue aberto para futuras manifestações.
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