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Interior

Para dar escola a 659 bolivianos, Corumbá gasta R$ 1,4 milhão por ano

Nícholas Vasconcelos | 22/03/2013 17:36
Ensino de alunos bolivianos custa R$ 1,4 milhão para a Prefeitura de Corumbá. (Foto: Divulgação)
Ensino de alunos bolivianos custa R$ 1,4 milhão para a Prefeitura de Corumbá. (Foto: Divulgação)

A Prefeitura de Corumbá gasta R$ 1,4 milhão por ano com a oferta do ensino para 659 bolivianos em idade escolar. O valor é arcado pelo município. Cada estudante custa R$ 2.243 por ano e o recurso vem por meio do Fundeb (Fundo da Educação Básica). No total, a rede de ensino municipal tem 17 mil alunos e os alunos extras equivalem a quase 20 salas de aula.

São dois tipos de alunos naturais da Bolívia, aqueles que se deslocam todos os dias do País vizinho e aqueles que vivem em Corumbá, mas que não são naturalizados.

A gerente de gestão de Políticas Educacionais da Prefeitura, Maria Aparecida Dias de Moura, explica que os estudantes bolivianos se concentram nas escolas Eutrópia Gomes Pedroso, que fica na zona rural, e do Caic (Centro de Atendimento Integrado a Criança) Padre Ernesto Sassida, localizado no início da rodovia que dá acesso a fronteira.

De acordo com a gerente, a baixa qualidade na educação faz com que esses meninos e meninas procurem o ensino do lado brasileiro, muitas vezes acompanhados dos pais que procuram trabalho, como garantia de um futuro mais estável.
Esta situação obriga a Secretaria Municipal de Educação a adaptar o sistema de formação dos professores e a principal dificuldade é a língua, já que eles acabam não dominando nem o Português, nem o Espanhol.

“A principal dificuldade é alfabetização, o aluno está entre duas línguas e duas culturas”, disse. Para tentar contornar a situação, os educadores passaram a ter o auxilio de um colega formado em língua espanhola. Esse profissional faz parte do quadro de professores e auxilia os demais com o idioma.

Segundo professores, língua espanhola é a principal dificuldade no ensino. (Foto: Divulgação)
Segundo professores, língua espanhola é a principal dificuldade no ensino. (Foto: Divulgação)

A proximidade geográfica da cidade sul-mato-grossense e a boliviana Puerto Quijarro é vista até mesmo na Prefeitura. “Da sala do meu gabinete, eu enxergo a Bolívia e tenho buscado uma relação mais próxima no turismo, na cultura e essa aproximação sem preconceito”, comentou o prefeito Paulo Duarte (PT).

Ele lembra que o brasileiro tem preconceito com o boliviano e o associa a violência, tráfico de drogas e roubo de veículos, mas que há muitos brasileiros que vão para o lado de lá praticar crimes. “Temos um ônus, mas as crianças bolivianas são sempre muito bem recebidas”, explicou.

Duarte questiona a falta de apoio financeiro para custear a educação e também a saúde oferecida aos estrangeiros, já que não há uma compensação pelos custos, incluindo aqueles gerados pelos vizinhos de Ladário. “Somos uma cidade com 105 mil, mas que na verdade tem 150 mil habitantes. Temos buscado é que o Governo olhe e essa situação diferenciada”, explicou.

O prefeito comentou que ele e sua equipe se reuniram com o alcaide de Puerto Suarez para discutir a aproximação, que na opinião dele, se fortaleceu com o repatriamento de carros brasileiros e que estavam no país vizinho.

Integração - Para diminuir as dificuldades causadas pelo idioma e também diferenças sociais, um projeto da Prefeitura e da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) promoveu em 2012 um intercâmbio entre os professores.

O projeto de escolas interculturais enviou para a Bolívia professores corumbaenses e para Corumbá educadores bolivianos.

Eles produziram um artigo científico, nas duas línguas, sobre as diferenças entre os países e vivenciaram os sistemas de ensino.

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