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Interior

Polícia indicia dez integrantes do PCC por morte de detento em presídio

Thiago Barros Ferreira, preso em 2008 por assaltos na capital, teria sido morto por exercer liderança contrária à facção criminosa

Helio de Freitas, de Dourados | 19/03/2015 17:28
Delegados da 2ª Delegacia de Polícia de Dourados durante entrevista coletiva sobre morte de interno em presídio (Foto: Eliel Oliveira)
Delegados da 2ª Delegacia de Polícia de Dourados durante entrevista coletiva sobre morte de interno em presídio (Foto: Eliel Oliveira)

Dez integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) foram indiciados hoje na 2ª Delegacia de Polícia por envolvimento no assassinato do presidiário Thiago Ferreira Barros, 33, ocorrido no dia 19 de janeiro deste ano na penitenciária de segurança máxima de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Três seriam os mandantes e sete os executores. Os nomes não foram informados pela polícia, mas Thiago teria sido morto por exercer liderança contrária aos interesses da facção criminosa no raio 2, onde ficam os presos considerados mais perigosos.

Na tarde de hoje, os delegados José Carlos Almussa Junior, Edmar Batistela e Andreia Alves Pereira, titular da 2ª DP, concederam uma entrevista coletiva para informar detalhes das investigações.

Ao contrário do que havia sido informado antes, Thiago não fazia parte do PCC. Segundo a delegada, as investigações revelaram que o detento, preso em 2008 após uma série de assaltos em Campo Grande, se negava a fazer parte da facção criminosa e liderava um grupo de outros internos, para que eles fizessem o mesmo. Esse teria sido o motivo que levou três líderes do grupo a ordenarem a morte de Thiago Barros.

De acordo com os delegados, dois detentos, amigos de Thiago, são as principais testemunhas do crime. “Eles decidiram falar porque acham que o Thiago não merecia morrer daquela forma e apontaram os sete suspeitos do assassinato e os três mandantes”, afirmou Andreia Pereira.

Nesta quinta-feira os dez acusados foram levados para a 2ª Delegacia de Polícia pela escolta da Polícia Militar e ouvidos sobre a morte. Todos eles negam envolvimento no crime e afirmaram que só se vão se manifestar em juízo.

Cocaína com água – A investigação da Polícia Civil descobriu que os três líderes do PCC deram a ordem para que sete companheiros de cela de Thiago Barros executassem o crime. Como o detento era praticante de muai tay e extremamente habilidoso em defesa pessoal, os assassinos o teriam obrigado a beber água misturada com cocaína, para dopá-lo.

Essa versão foi contada pelas testemunhas, mas os exames do legista apontaram como causa da morte asfixia por mãos humanas, ou seja, ele foi sufocado até a morte. O corpo também tinha sinais de espancamento. Não havia vestígios de droga no corpo, segundo o laudo.

Roda de capoeira – Conforme as testemunhas, também internos da mesma cela onde estava Thiago, o crime ocorreu na hora do banho de sol. Um dos assassinos atraiu o rapaz de volta para a cela. Quando chegou ao local, ele foi cercado em uma roda de capoeira e espancado. Os dois presos ouvidos pela polícia relataram que os executores do crime cantavam em voz alta e faziam muito barulho, para que os gritos de Thiago não fossem ouvidos pelos agentes penitenciários.

A delegada Andreia Pereira informou que agora aguarda o resultado do processo administrativo feito pela direção da penitenciária, para juntar com o relatório final e encaminhar o inquérito ao Ministério Público. “Já solicitamos à direção do presídio que nos encaminhe o resultado desse procedimento interno. Todos os suspeitos foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, porque cometeram o crime por motivos fúteis e de forma que não permitiu chance de defesa à vítima”, disse ela.

A morte – Thiago Barros cumpria pena por crimes de assalto à mão armada, ocorridos em 2008 em Campo Grande. Na época, ele foi preso junto com outros dois homens, acusados de praticarem cinco roubos em apenas um dia. A quadrilha ficou conhecida por atacar principalmente mulheres. Thiago era responsável por arrombar os carros com uma chave micha enquanto os comparsas rendiam as pessoas com um revólver calibre 38.

Ele tinha sido transferido da capital para o presídio de Dourados no dia 22 de setembro do ano passado. Na manhã de 19 de janeiro, foi encontrado desmaiado na cela 34 do raio II. Ele chegou a ser levado para a enfermaria por agentes penitenciários e outros internos, mas já estava morto.

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