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Interior

Polícia investiga se morte de jornalista tem relação com reportagens

Chefe da Polícia Nacional em Pedro Juan Caballero afirma ter muitas informações sobre a execução de Leo Veras

Helio de Freitas, de Dourados | 13/02/2020 09:48
Jornalista Leo Veras em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record (Foto: Reprodução)
Jornalista Leo Veras em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record (Foto: Reprodução)

A Polícia Nacional do Paraguai suspeita de ligação da execução do jornalista brasiguaio Lourenço Veras, o Leo, a reportagens publicadas por ele nos últimos tempos retratando as ações do crime organizado na fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS), cidade a 323 km de Campo Grande.

Ignacio Rodriguez Villalba, chefe da Polícia Nacional em Amambay, departamento (equivalente a estado) cuja capital é Pedro Juan Caballero, afirmou hoje já ter “muitas informações” sobre os responsáveis pelo assassinato de Leo, ocorrido por volta de 20h de ontem na casa do jornalista. Ele foi morto por três pistoleiros encapuzados, a tiros de fuzil e pistola.

Sem revelar detalhes das investigações, Villalba disse que a morte está vinculada a publicações feitas pelo jornalista sobre o crime organizado na Linha Internacional. O policial afirmou também que está “fazendo tudo o que é possível” para esclarecer o crime.

Além das reportagens que publicava em seu site, o Porã News, em língua portuguesa, Leo Veras colaborava com meios de comunicação tanto brasileiros quanto da capital paraguaia, Assunção, e do exterior.

A execução foi, inclusive, noticiada hoje pelo The Washington Post, uma das publicações mais influentes do mundo. Léo colaborou em reportagem do veículo, sobre contrabando de agrotóxicos, publicada no dia 9 de fevereiro. Na reportagem sobre o assassinato, o Post lembra que "a porosidade da fronteira entre o Paraguai e o Brasil tem sido fundamental para trazer cigarros contrabandeados, pesticidas e drogas para este último país. Pedro Juan Caballero também é o local de uma prisão da qual pelo menos 75 prisioneiros escaparam em janeiro, a maioria ligada a uma grande gangue brasileira de narcotráfico, o Primeiro Comando da Capital".

Em janeiro, Léo Veras também foi entrevistado pelo programa Domingo Espetacular, da TV Record. Em outra entrevista, em 2017, ao programa Tim Lopes, do jornalista Bob Fernandes, Leo Veras falou sobre a violência na região. O programa abordou a execução de outro jornalista da fronteira, Paulo Rocaro, morto exatamente há 8 anos, no dia 12 de fevereiro de 2012.

“Peço que não seja tão violenta a minha morte, que não seja com tantos disparos de fuzil. Se um pistoleiro quer te matar, ele vem na sua porta e quando você abrir, ele vai te dar um disparo. Espero que seja só um disparo, para não estragar tanto”, afirmou, sorrindo, na entrevista a Bob Fernandes.

Veja o vídeo com as entrevistas de Leo Veras:

Na noite de ontem, três pistoleiros encapuzados invadiram a casa de Leo Veras no Jardim Aurora, em Pedro Juan Caballero, e o mataram com pelo menos 12 tiros. O jornalista tentou correr, mas foi atingido nas costas e caiu no quintal da casa. Já no chão, levou o “tiro de misericórdia” na cabeça. Ele chegou a ser socorrido a um hospital particular, mas morreu quando era atendido.

O corpo de Leo Veras está sendo velado no salão de uma empresa funerária em Pedro Juan Caballero e vai ser enterrado no Cemitério Cristo Rei, em Ponta Porã. A família espera a chegada de um irmão dele, que mora em São Paulo.

Velório do jornalista Leo Veras, em Pedro Juan Caballero (Foto: Direto das Ruas)
Velório do jornalista Leo Veras, em Pedro Juan Caballero (Foto: Direto das Ruas)
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