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Interior

Professores ameaçam fazer nova greve, alegando fracasso em negociações

Helio de Freitas, de Dourados | 15/10/2014 10:03
Professores da Rede Municipal de Dourados que fizeram greve em julho começaram nesta semana a repor aulas (Foto: Eliel Oliveira)
Professores da Rede Municipal de Dourados que fizeram greve em julho começaram nesta semana a repor aulas (Foto: Eliel Oliveira)

Três meses depois de ficarem 12 dias em greve, os professores da Rede Municipal de Ensino de Dourados, a 233 km de Campo Grande, podem retomar a paralisação nos próximos dias. Alegando falta de avanço na negociação com a prefeitura, o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação) marcou assembleia para a próxima semana e uma nova greve não está descartada. A secretária de Educação Marinisa Mizoguchi afirma que as negociações continuam e diz que a paralisação só penalizaria ainda mais os alunos e os próprios professores.

Gleice Jane Barbosa, vice-presidente da atual diretoria a candidata a presidente da entidade na eleição marcada para novembro, afirmou ao Campo Grande News que até agora a prefeitura encaminhou apenas uma “carta de intenções”, sem se comprometer a implantar o piso nacional para 20 horas semanais de trabalho e sem garantir também a inclusão dos servidores administrativos da educação no PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração) da categoria.

“Oficialmente ainda estamos em greve, porque a paralisação de julho foi apenas suspensa e pode ser retomada a qualquer momento. Esse pode ser o caminho, já que nenhuma proposta concreta foi oficializada até agora”, afirmou Gleice Jane.

Segundo ela, em relação ao piso nacional para 20 horas a proposta é que a prefeitura encaminhe um projeto para a Câmara de Vereadores criando uma lei para atender a reivindicação de forma escalonada, até chegar ao valor total nos próximos cinco anos. “Não queremos o piso de uma vez só. O que os professores pedem é um compromisso de começar a implantar e fazer isso escalonadamente até chegar ao valor total em 2019”.

Movimento eleitoreiro - A secretária de Educação Marinisa Mizoguchi critica a retomada da discussão sobre greve. “É preocupante falar em greve agora, num momento em que existem duas eleições em andamento, uma para o governo do Estado e outra para a presidência do sindicato. Nossas negociações com a categoria continuam e nunca acabaram. O sindicato criou uma comissão de quatro pessoas e a prefeitura mantém reuniões seguidas com esse grupo”.

Ela afirmou que devido à greve realizada em julho, os professores grevistas começaram segunda-feira a repor as aulas perdidas e vão ficar sem a folga da “semana do saco cheio”. Para Marinisa, o maior prejudicado acaba sendo o aluno, que corre o risco até de perder as férias devido à reposição das aulas.

Ainda segundo a secretária, a prefeitura não poderia incluir os administrativos no PCCR da educação sem a anuência de todos esses profissionais. “São cerca de mil servidores administrativos. Não podemos tomar uma decisão tão importante levando em consideração apenas a vontade de uma minoria”.

Em relação ao piso nacional para 20 horas, a secretária afirma que a reivindicação significa dobrar o salário dos professores e a prefeitura não pode fazer esse compromisso sem ter de onde tirar os recursos. “Só a folha da educação chega a R$ 11 milhões. Dourados recebe R$ 7 milhões do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] e a prefeitura investe R$ 4 milhões de recursos próprios para pagar a folha todos os meses”, explicou.

Segundo a secretária, a proposta é vincular o pagamento do piso para 20 horas aos recursos que a cidade vai receber dos royalties do pré-sal. “Ainda não recebemos nada dos royalties, mas nossa proposta é pagar o piso que os professores querem com esses recursos. Uma lei aprovada no ano passado por iniciativa do prefeito Murilo Zauith garante 100% desses recursos do pré-sal para a educação. Uma lei do piso de 20 horas agora, sem recursos garantidos, comprometeria ainda mais as finanças da prefeitura”.

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