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Interior

Seguindo antecessores, “Dogão” espalha terror para se impor na fronteira

Dossiê aponta Cléber Riveros Pavão como autor e mandante de várias execuções na fronteira Paraguai-MS

Helio de Freitas, de Dourados | 19/07/2022 08:47
Cléber Riveros Pavão, que tem documento brasileiro com nome de Cléber Riveros Segovia (Foto: Reprodução)
Cléber Riveros Pavão, que tem documento brasileiro com nome de Cléber Riveros Segovia (Foto: Reprodução)

Espalhando terror através de ameaças de atentados e assassinatos de rivais, outro bandido tenta se firmar como novo “patrão” da fronteira mais violenta do continente sul-americano, a linha internacional entre Paraguai e Mato Grosso do Sul.

Dossiê ao qual o Campo Grande News teve acesso aponta Cléber Riveros Pavão, o “Dogão”, como o atual aspirante ao cargo de “chefe dos chefes” do tráfico de drogas e de armas nas cidades-gêmeas Pedro Juan Caballero (Paraguai) e Ponta Porã (MS).

Procurado pela Justiça brasileira, onde possui documento com o nome de Cléber Riveros Segovia, “Dogão” movimentou os meios policiais fronteiriços na semana passada. O serviço de inteligência da polícia descobriu que ao menos 40 homens fortemente armados teriam sido mobilizados para atacar um rival dele. Até agora o ataque não se concretizou.

Segundo o dossiê, que inclui fotos e dezenas de nomes de supostos cúmplices de “Dogão” – entre eles um policial da reserva da PM de Mato Grosso do Sul – para se impor como “patrão”, Cléber Pavão segue os passos do brasileiro Sérgio Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”.

Entre 2017 e o início de 2019, Minotauro teria ordenado execuções em massa de seus inimigos e de quem ameaçava sua ascensão. Entre os mortos estavam um policial civil e um ex-vereador de Ponta Porã. O bandido foi preso em fevereiro de 2019, em Balneário Camboriú (SC), para onde fugiu após ser caçado pela polícia da fronteira.

PCC – Segundo fontes policiais da fronteira, assim como Minotauro, Cléber Pavão, o “Dogão”, conta com apoio da facção PCC (Primeiro Comando da Capital) para se impor como chefão do crime na linha internacional e eliminar rivais em Pedro Juan Caballero/Ponta Porã e em Zanja Pytã/Sanga Puitã.

O apoio da facção às ações do bandido, segundo as denúncias, vem através de seu primo, Victor Moreno Segovia Peralta, integrante do PCC e atualmente preso em Mato Grosso do Sul. Outro elo entre “Dogão” e a facção criminosa seria o cunhado dele, responsável pelo armazenamento e remessa de droga da fronteira para cidades controladas pela organização.

O dossiê, também enviado a repórteres do Paraguai, aponta ligação de “Dogão” com a família do produtor rural Dorvalino Antunes Pinto, 68, executado em maio deste ano. O filho de Dorvalino, Michel Antunes, seria outro ligado a Cléber Pavão.

Michel foi morto junto com a filha de 9 anos, em dezembro de 2020, em Zanja Pytã, cidade paraguaia localizada ao lado de Sanga Puitã, distrito de Ponta Porã. Segundo as denúncias, membros da família continuam financiando as ações de “Dogão”.

No dossiê, Cléber Pavão é acusado pela morte do líder político brasileiro naturalizado paraguaio Anselmo Medina, 44, ocorrida em fevereiro de 2021 em Zanja Pytã. A execução teria sido ordenada por Dorvalino Antunes Pinto, que suspeitava do envolvimento de Anselmo no assassinato de Michel Antunes.

Nomes de supostos pistoleiros atualmente a serviço de Cléber Pavão também são relacionados no dossiê. À reportagem, policiais da fronteira afirmaram que muitos dos citados são bandidos conhecidos, mas outros sequer aparecem como investigados.

A prisão de “Dogão”, em nome de Cléber Riveros Segovia, foi decretada em 10 de maio deste ano pelo juiz Marco Antonio Montagnana Morais, da 1ª Vara de Maracaju.

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