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Interior

Vídeo mostra invasão que teve confronto entre índios e seguranças

Tropa de Choque deixou área de confronto ontem à tarde; dois adultos foram presos e um adolescente apreendido

Helio de Freitas, de Dourados | 14/10/2019 09:53
Flecha e garrafa com combustível usada como bomba caseira, recolhidos em local de confronto (Foto: Direto das Ruas)
Flecha e garrafa com combustível usada como bomba caseira, recolhidos em local de confronto (Foto: Direto das Ruas)

Imagens gravadas por sitiantes mostram a tentativa de invasão que terminou em confronto entre índios, seguranças privados e policiais militares no sábado (12) em Dourados, a 233 km de Campo Grande. A área, localizada na região oeste do município, ao lado da Aldeia Bororó, é palco de confrontos há um ano. Um homem e uma mulher foram presos e um adolescente foi apreendido, acusados pelo ataque.

Os vídeos enviados ao Campo Grande News mostram dezenas de índios investindo contra um dos sítios e recebidos a tiros. Gritando, eles prometem invadir a terra e expulsar os proprietários, como mostram as imagens abaixo.

A tentativa de invasão terminou em confronto entre os índios e seguranças privados, contratados pelos sitiantes para evitar a ocupação das propriedades. São vários os sons de disparos.

O indígena Ezequiel Gonçalves Canteiro, 21, foi detido pelos seguranças e entregue à Polícia Militar. Com ferimento de tiro na perna, ele estava com uma espingarda falsa, feita com pedaço de madeira e cano de ferro. O ferimento foi descoberto só depois da prisão. Os seguranças afirmam que não dispararam tiros, mas todos foram qualificados pela PM e serão chamados para depor.

A prisão de Ezequiel causou ainda mais revolta. Armados com flechas, facões e bombas caseiras feitas com líquido inflamável em garrafas de vidro, os índios investiram contra os policiais e ameaçaram colocar fogo na viatura.

Cercados, os PMs tiveram que pedir apoio para a equipe que havia levado Ezequiel para a Delegacia da Polícia Civil. Rosileiva da Silva, 37, foi presa e o sobrinho dela, de 12 anos, apreendido, acusados de tentativa de homicídio, tentativa de incêndio e tortura.

A tensão aumentou e foi preciso acionar a Tropa de Choque da Polícia Militar, que ficou no local até o final da tarde de ontem (13). Nesta segunda-feira, equipes da PM continuam na área.

“A situação chegou ao extremo. Antes eram só ameaças, agora vieram para o conflito mesmo, para tomar nossa casa. Vivemos num país livre, não podemos aceitar isso”, afirmou hoje ao Campo Grande News o sitiante Giovanni Jolando Marques, dono da terra alvo da tentativa de invasão.

Giovanni voltou a apontar o capitão da Aldeia Bororó Gaudêncio Benites como o líder das tentativas de invasão. No mês passado, os sitiantes registraram denúncia contra Gaudêncio na Polícia Civil. O líder indígena negou ser o mentor das invasões e defendeu a conciliação entre os dois lados do confronto.

“O Gaudêncio dá apoio para esses ataques. Os dois principais líderes das invasões são o Sílvio e Mateus Benites, que estão armados e dando tiro para cima dos seguranças e das nossas casas. Tem nome e sobrenome. Se as autoridades tiverem interesse, é só prender e investigar”, cobrou o sitiante.

Em setembro, os índios acusaram os seguranças particulares de terem atirado em morador de 62 anos de idade, morador da Bororó. Gaudêncio Benites afirma que o homem não tinha ligação com os grupos que ameaçam invadir as propriedades. "Uma novilha dele tinha escapado e ele tava procurando quando levou o tiro. É um senhor trabalhador, que não tem nada a ver com esse conflito".

Veja abaixo o vídeo do momento em que os índios cercaram o sítio em Dourados:

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