No período sob investigação, “banco fantasma” recebeu R$ 700 mil
Mandados de busca e apreensão foi cumprido na casa de Wilton Acosta, ex-diretor-presidente da Funtrab
Com mandados de busca e apreensão cumpridos hoje pela PF (Polícia Federal) em Campo Grande, investigação da Promotoria do Patrimônio apura desvio de dinheiro público do Banco Cidadão para pagar aluguel, material gráfico e veículos.
Conforme apurado pela reportagem, o banco, criado para emprestar dinheiro a juros baixos, recebeu R$ 700 mil. Agora, é verificado pelo MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) o quanto desse total foi desviado. O Campo Grande News mostrou que desde o fim de 2017 não tinha oferta de crédito, portanto um “banco fantasma”.
Um dos quatro mandados de busca e apreensão foi cumprido na casa de Wilton Acosta, ex-diretor-presidente da Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) e candidato a deputado federal pelo PRB.
De acordo com a investigação, entre segundo semestre de 2016 e primeiro semestre de 2017, o dinheiro teria sido usado “indevidamente para a aquisição de bens privados e pagamentos de despesas particulares de ex-dirigentes e membros do conselho deliberativo da Funtrab ”. Neste período, a agência estadual de emprego era dirigida por Acosta.
Contraditório - O segundo alvo da ação foi a MIQ Cred Quali, que fica na rua 15 de Novembro, Centro. Em tese, o banco funcionaria na Funtrab, localizada na rua 13 de Maio. Mas lá, após muito informação desencontrada, a reportagem encontrou apenas uma mesa e uma funcionária.
Outra informação repassada era de que o banco estava na rua 15 de Novembro, na sede da MIQ Cred Quali. Questionada sobre o paradeiro do dinheiro, a direção informou que a Cred Quali é uma oscip (organização da sociedade civil de interesse público), mas sem relação com o Banco Cidadão.

De forma contraditória, no mesmo dia, o então coordenador do banco disse ao Campo Grande News que Credi Quali era parceira no projeto e poderia informar a movimentação financeira e o total da inadimplência. Inclusive, indicou o endereço na 15 de Novembro.
Nesta sexta-feira, a reportagem fez contato por telefone com oscip e foi solicitado que questionamentos fossem encaminhados por e-mail.
Equipe da Polícia Federal também foi a edifício na Rua da Paz, no Jardim dos Estados. A ação ainda apreendeu um veículo Astra.
Repercussão - O governo do Estado informou na tarde desta sexta-feira (28) que determinou à Funtrab e à CGE (Controladoria-Geral do Estado) que apurem se houve ocorrência de prejuízo aos cofres públicos.
De acordo com o advogado Luiz Carlos de Oliveira Bueno, nada foi levado da residência de Acosta. “Eu estranho o fato do envolvimento da Polícia Federal em uma investigação do Ministério Público Estadual. Ainda assim, afirmo que durante a visita da PF em minha residência e no estúdio de meu filho nada foi encontrado”, diz Acosta em nota. Ele ainda questiona a ação num período eleitoral.