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Cidades

Pais de menino picado por cobra se dizem abandonados

Redação | 02/11/2010 14:44

Preocupados com o estado de saúde do filho de 10 anos que foi picado por uma cascavel no último domingo, o casal José Roberto Bezerra, de 39 anos, e Flávia José Alves, de 24 anos, reclama da falta de assistência no local onde moram que segundo eles impediu atendimento mais rápido à criança. A família vive no assentamento rural Teji 17 de Abril, a 25 km do Distrito de Casa Verde, em Nova Andradina, distante 300 quilômetros da Capital.

"Se tivesse um posto de saúde lá isso não teria acontecido", desabafa a mãe. Para José Roberto, a principal reclamação é sobre a demora para transferir o menino do hospital Santa Helena, em Nova Andradina, para Campo Grande.

"Se não tinham o veneno para cascavel lá porque ficaram segurando ele?" questiona o pai. Segundo a mãe, o menino deu entrada no hospital no sábado às 11h e veio para a Capital apenas no domingo às 14h.

Inconformados com o caso, os pais dizem que falta assistência no assentamento onde vivem mais de três mil pessoas. "Não temos saúde, vivemos abandonados. Um dia desses um senhor morreu de pressão alta na varanda da minha sogra porque não tinha carro para levar ele ao hospital", revela.

José diz que após o acidente pretende redobrar os cuidados com os outros filhos, mas não tem muito que fazer porque o quintal de casa já é limpo. "Limpei tudo em volta, queimei e fiz aceiro para manter limpo, mas as cobras vêm", diz ele.

O casal tem outros três filhos, um gêmeo do de dez anos, outro com a mesma idade e um de quatro anos.

O menino picado permanece internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva) Pediátrico do Hospital Universitário. Conforme informado pelo plantão administrativo do hospital, o quadro clínico dele é considerado estável e amanhã deverão ser divulgados detalhes.

A mãe do garoto esteve no hospital nesta tarde e voltou mais aliviada por ver que já foram retirados alguns aparelhos dele. "Mas se está vomitando não melhorou", questiona o pai. O estado de saúde do menino e o quanto os órgãos dele foram afetados pelo veneno ainda são incógnita para a família.

Cascavel - O pai conta que no domingo, quando o menino foi picado, ele buscava um tomate para a mãe na horta. "A cobra estava escondida atrás do portão, pronta para dar o bote".

Segundo ele, o garoto ficou muito assustado ao ser picado e se movimentou fazendo o sangue e o veneno circularem mais rápido. Para socorrê-lo, o pai foi de cavalo à casa da sogra onde conseguiu uma motocicleta emprestada. Depois os dois foram até um bar distante 10 km pegar um carro para ir ao distrito de Casa Verde, de onde levaram o menino de ambulância a Nova Andradina.

O pai conta que ficou desesperado quando viu que se tratava de uma cascavel. "Já cuidei de tanto boi picado por essa cobra. Você tem que ver o que faz na cara de um boi, apodrece. Imagina com uma criança", diz ainda bastante preocupado.

Ele diz que queria levar a cobra viva ao médico, mas teve medo de que ela picasse algum dos outros filhos e por isso matou o animal. "Mas deixei ela lá e se precisar vou buscar", afirma.

José deve voltar amanhã para ver os outros filhos, mas teme não conseguir ser informado do estado de saúde do que está internado. "Lá não pega telefone, não tem condições de eu ficar sabendo se a mãe dele tiver uma emergência", diz aflito.

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