ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 20º

Cidades

Para anestesistas, suicídio com lidocaína não tem lógica

Redação | 30/11/2009 09:32

Anestesistas consultados pelo Campo Grande News são unânimes na avaliação sobre a substância encontrada no carro da ex-médica anestesista Neide Mota Machado, morta na tarde de ontem. Nenhum profissional vê "lógica" na hipótese dela ter usado lidocaína com a intenção de suicídio.

As teses dos especialistas são de morte acidental ou provocada por outro fator. Dois anestesistas, com mais de 15 anos de experiência, mas que pediram para não serem identificados, dizem que um profissional da medicina nunca usaria a lidocaína para cometer suicídio.

"Seria necessária uma dose cavalar, mas antes de morrer a pessoa teria uma convulsão", explica um deles. A morte na superdosagem dessa droga seria por parada cardíaca.

No caso de Neide, o casal que encontrou a ex-médica ainda com vida, minutos antes da morte, contou à Polícia que ela estava apenas "grogue", como se estivesse dopada. Depois de morta, a ex-médica foi encontrada pálida, mas sem sinais de convulsão.

A seringa era de apenas 10ml, dose considerada baixa para causar a morte, e ainda continha cerca de 2ml quando foi achada.

A Polícia encontrou ampolas do produto, a popular xilocaína, e uma seringa na mão de Neide Mota. O medicamento é o mais comum usado por dentistas, ou em cesarianas, por exemplo.

De forma resumida, a Sociedade Brasileira de Anestesia explica que lidocaína bloqueia a condução nervosa apenas no local onde é aplicada. Pode ser usada,por exemplo, antes da aplicação de outra injeção para amortecer o local.

Não há, por exemplo, como usá-la na tentativa de impedir a dor ou desconforto causado por outra substância usada para suicídio, como veneno.

"Ela sabia disso, foi formada nessa especialidade", lembra outro anestesista que atua em campo Grande.

O único fator que justificaria o uso da xilocaína é a facilidade de adquirir esse tipo de droga. "Ela estava afastada de clínicas, da medicina, por isso seria difícil conseguir algo mais potente. Mesmo assim acho difícil isso ser a causa da morte", supõe um dos anestesistas consultados pelo Campo Grande News.

No carro de Neide, também foi encontrado papel com anotações, mas segundo a família eram apenas frases poética que Neide costumava anotar quando gostava muito de alguma delas.

O laudo sobre a morte deve ficar pronto em 15 dias.

Nos siga no Google Notícias