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Cidades

Suspeito de atropelar e matar criança integra quadrilha de desmanche

Zana Zaidan e Graziela Rezende | 14/11/2013 10:33
Jeferson se apresenta à Polícia, mas alega inocência (Foto: Cléber Gellio)
Jeferson se apresenta à Polícia, mas alega inocência (Foto: Cléber Gellio)

As investigações da morte de João Carlos de Souza, 3 anos, atropelado no dia 3 de novembro no bairro Tarsila do Amaral, em Campo Grande, apontam que o suspeito do crime, Jeferson Cosme Francisco da Silva, 21 anos, integra uma quadrilha de desmanche de motos e carros na Capital.

Jeferson também é autor dos disparos que atingiram Bruno Henrique Rodrigues de Matos, 19, que hoje está internado em estado grave na Santa Casa. Outra suspeita é de que ele seria membro de uma facção criminosa.

O delegado responsável pelo caso, Weber Luciano de Medeiros, afirma que, apesar de jovem, Jeferson, conhecido como “Buguinho” na região, é extremamente articulado e, com ajuda da quadrilha, plantou diversos álibis que dificultaram a investigação.

Álibis - Para afastar suspeitas da Polícia, Jeferson alegou que no momento do crime, por volta das 16 horas, jogava futebol no ginásio poliesportivo Vida Nova, próximo do Tarsila do Amaral. Interrogados pelos investigadores, todos os membros da quadrilha confirmaram. Um deles, inclusive, foi designado por Jeferson para ir até a aldeia indígena Água Bonita, localizada nos fundos do bairro, onde ameaçou os moradores para confirmar a presença do suspeito no jogo.

“Mas, ao checar, constatamos que a última vez que ele tinha estado no ginásio foi no dia 27 de maio. Nenhuma das testemunhas da aldeia confirmou que foi usada uma arma contra eles, mas, pelo modo de agir da quadrilha, acreditamos que sim”, afirma o delegado, que desde o início das investigações levantou a hipótese de que moradores do bairro e testemunhas estariam sendo ameaçados para não revelar o que sabiam.

O segundo álibi forjado por Jeferson foi levar a moto que ele pilotava no momento do atropelamento, uma Titan verde, para conserto em um oficina mecânica no bairro Nova Lima. Ele teria pedido que o dono do lugar afirmasse à Polícia que a moto foi levada no sábado (2), dia anterior ao acidente. Jeferson não tem carteira de habilitação.

“Ele levou a moto por dois motivos: descaracterizá-la, já que alguns detalhes descritos pela família, como a seta quebrada, sem carenagem e placa despencando, sumissem e, caso chegássemos até ele, ele poderia dizer que não estava com a moto no dia crime”, acredita Medeiros.

Segundo o delgado, a moto estava a “serviço do tráfico de drogas” na Capital, e pertence a um traficante que está preso. O dono da oficina será chamado para prestar depoimento e, se for constatado que agiu como comparsa de Jeferson, poderá ser indiciado por envolvimento no crime.

Conivência da família – O delegado se disse “impressionado” com a forma com a família acoberta Jeferson. Também moradores do Tarsila do Amaral, os pais esconderam a moto nos fundos da casa e, em depoimento, disseram desconhecer a morte de João, que chocou o bairro. Parte da ação de desmanche de veículos aconteceria também no quintal da casa.

Questionado pelo Campo Grande News sobre o envolvimento no crime, Jeferson, antes de responder, deu um longo bocejo. “Sou inocente, estava jogando bola, e só estou aqui porque a polícia estava me procurando”, respondeu afirmando também que é “trabalhador” e faz entregas em uma pizzaria do bairro.

Ele será indiciado por homicídio doloso qualificado na forma eventual. “Ele pode até não ter intenção de matar a criança, mas assumiu o risco ao empinar a moto em um dia movimentado, quando todos ficam nas calçadas dos bairros”, explica o delegado.

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