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Cidades

Testemunha de acusação reforça tese da defesa de réu por morte em show

Alegando legítima defesa, o agente penitenciário federal acompanhou os depoimentos desta tarde

Geisy Garnes | 05/02/2018 17:46
Audiência aconteceu na sala da 1ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Paulo Francis)
Audiência aconteceu na sala da 1ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Paulo Francis)

A primeira audiência sobre a morte do pedreiro Adílson Silva Ferreira dos Santos, 23 anos, durante show sertanejo no estacionamento do Shopping Bosque dos Ipês ,no dia 24 de setembro do ano passado, em Campo Grande, foi marcada por contradições e novos detalhes que reforçam a tese traçada pela defesa do autor do crime: a de legítima defesa. 

Seis pessoas, todas testemunhas de acusação indicadas pelo MPE (Ministério Público Estadual) e pela assistência de acusação, foram ouvidas na tarde desta segunda-feira (5) no forúm de Campo Grande. Parentes do pedreiro que estavam com ele no dia do show, os dois seguranças do local e uma testemunha ocular do crime, compareceram a audiência.

Para José Roberto Rodrigues Rosa, advogado do réu, o agente penitenciário federal Joseilton de Souza Cardoso, foi o depoimento da jovem - que terá a identidade preservada - o mais importante para a defesa. “A única testemunhas que não tem parentesco com a vítima corroborou com a tese da defesa”.

A testemunhas foi a segunda a ser ouvida e afirmou, categoricamente, que o agente penitenciário “apanhou muito” de Adílson. “Vi uma briga muito feia que começou no banheiro masculino e foi para o feminino. Só tinha os dois brigando e um deles estava apanhando muito”, contou.

Diante do juiz da 1ª Vara do Tribunal de Júri, Carlos Alberto Garcete de Almeida, a mulher afirmou que Joseilton sinalizava a todo momento que não queria brigar e não reagiu. Ela lembrou ainda que três pessoas tentaram segurar Adílson, mas não conseguiram. Foi no momento, quando conseguiu se soltar, que o agente efetuou o disparo.

A testemunha reforçou ainda que o agente não tinha condições de se apresentar como agente penitenciário federal, que toda a briga aconteceu muito rápido e que ouviu familiares de Adílson afirmarem que tudo aconteceu “por causa de um banheiro”.

O primo chorou ao deixar a sala de audiência (Foto: Paulo Francis)
O primo chorou ao deixar a sala de audiência (Foto: Paulo Francis)
Marlene de Souza Silva Nascimento se emocionou ao falar do filho (Foto: Paulo Francis)
Marlene de Souza Silva Nascimento se emocionou ao falar do filho (Foto: Paulo Francis)

Motivação e briga 

Antes da mulher prestar depoimento no entanto, o primo de Adílson, que acompanhou todo o caso, desde a briga ao homicídio, prestou depoimento ao juiz. No relato, ele lembrou que ele e o primo decidiram ir ao banheiro depois de encontrarem fila no bar. Segundo ele, pela porta entreaberta, eles viram o agente em um dos banheiros químicos.

“Meu primo perguntou “você tá bem cara?”, ele não respondeu e ali ele falou que queria usar o banheiro. O Joseilton saiu e meu primo entrou. Na porta ele me perguntou o que eu era dele [Adílson], eu respondi que era primo e ele levantou a camiseta, mostrou a arma e falou: sou agente penitenciário”.

Foi esse diálogo, segundo o rapaz, que teria iniciado a discussão. Adílson teria saído do banheiro questionando o que o agente penitenciário havia falado e teria começado a briga depois que o autor responde que ‘não era dá conta dele’. “Acho que o Adílson pensou que ele tinha me xingado, ou algo assim”, reforçou o primo.

Na versão do rapaz, os dois se agrediram, mas Joseilton “não aguentou” Adílson e caiu em um degrau. “Nessa hora eu separei, segurei ele. Já tinha quase parado, mas ele saiu de mim e nessa hora ele [ Joseilton] atirou”, lembrou o rapaz. As duas primeiras testemunhas lembraram que um único tiro foi efetuado. “Com o treinamento dele, ele podia ter atirado para cima, sei lá”.

Contradições 

O juiz ainda ouviu dois seguranças e o casal de primos de Adílson, que também estavam no show. As quatro testemunhas acompanharam o caso depois que o pedreiro já estava ferido.

Ao contrário das outras testemunhas, os seguranças afirmaram que dois disparos foram realizados. Eles narraram que encontraram o agente penitenciário correndo para o camarote, após o tiro, ainda com a arma na mão. Enquanto um desarmou o suspeito, o outro o imobilizou, desmentindo a versão que Joseilton teria entregado a pistola.

Eles afirmaram ainda que várias pessoas tentaram agredir o agente, que chegou a levar um chute, supostamente de um dos primos da vítima.

A próxima audiência sobre caso foi marcada para o dia 16 de março, quando duas testemunhas que faltaram nesta segunda-feira, as testemunhas de defesa e também o réu, devem ser ouvidos pelo juiz.

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