A corrida do cavalo derrotado pelos galeões de prata
Das margens dos rios e do Atlântico chegam manadas de cavalos espanhóis. Trazidos pelos galeões espanhóis que levavam a prata do Peru e do México. Os kadiwéus correm centenas de quilômetros em direção a Assunção para encontrarem os cavalos, seguidos pelos guaranis e outros povos indígenas. Os agricultores europeus aprenderam com os ginetes mongóis: os trabalhadores rurais, presos em suas terras, são demasiadamente vulneráveis aos ataques de cavalaria.
A primeira corrida armamentista.
A corrida dos indígenas para conseguir cavalos, portanto, é uma especie de corrida armamentista. Entre Assunção e Miranda, todos querem saltar em lombos de cavalos. Sociedades que tinham sido sedentárias por muito tempo estão se tornando nômades. A mesma história está ocorrendo no México, nos Estados Unidos, na Argentina…. na América Latina.
Causam o pânico.
Ao adquirir cavalos, os indígenas entram em conflito sem trégua entre eles. Também com a força de trabalho nas fazendas, que estavam se expandindo. Os trabalhadores dessas fazendas são indígenas. Está criado um pânico geral de norte a sul das Américas.
A cidade mais rica abandona os cavalos e quer prata.
Muitos povos se reúnem na Cidade do México, a peça mais rica e populosa que qualquer outra cidade da Espanha e das Américas. É uma extraordinária mistura de culturas e línguas, sem que nenhum grupo constitua uma maioria. Os bairros estão divididos por etnias. Há um bairro chinês, outro de tlaxcaltecas, vizinho do ocupado por ingleses e, no centro, os espanhóis. É uma cidade que foi inundada seis vezes nos últimos 40 anos e uma vez permaneceu seis anos sob a água. Uma metrópole agitada, superpovoada e poliglota. Tem um centro opulento. Desde a perspectiva de hoje, a Cidade do México parece assombrosamente familiar. É a primeira cidade do século XXI em pleno 1.650. O que a tornou tão diferente e rica? A prata do Peru e as riquezas da China. É uma cidade aberta. Não há taxas de nenhum Trump da época. Havia trocado o cavalo pela prata. Tinha em torno de 100.000 habitantes.
A cidade mais pobre permaneceu com o cavalo.
No século XVII, é difícil determinar com precisão a população de Assunção. Os dados históricos são fragmentados e as fontes variam em suas estimativas. No entanto, é possível inferir que a cidade tinha uma população muito pequena, com algo entre 2.000 a 5.000 habitantes. A maioria era de espanhóis, com pequenas parcelas de guaranis e negros africanos. Estavam concentrados na beira do rio. Suas ruas eram estreitas e as poucas construções eram de adobe, tijolos de terra crua, água e palha. O ancestral rudimentar dos atuais tijolos. Era uma cidade que se mantinha com a agricultara e pecuária de subsistência. Os espanhóis a mantinham para não ser invadidos pelos francos por outras potencias europeias que tivessem o intuito de chegar ao Peru. Esse combate nunca aconteceu. Tinham se mantido nos lombos dos cavalos. A pouca prata que por lá passava era oriunda do contrabando do Peru.
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