ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Em Pauta

A pornografia está mudando a relação entre os jovens

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/06/2019 09:00
A pornografia está mudando a relação entre os jovens

Quatro minutos. Sete toques na tela do celular. Um rosto desconhecido. Uma localização... E sexo. Cristina levou exatamente 256 segundos para acertar um encontro com um rapaz para "transar até o final" naquela mesma noite. Nunca tinham se encontrado. Nada sabiam um do outro. Só trocaram poucas frases:
- Oi, onde mora? Eu sou de Campo Grande.
- Eu também, ficamos esta noite?
- Ok, às 21:00 horas na praça do Estoril.
- Ok.
- Vamos até o final?
- Ok.
Cristina não se chama Cristina, mas têm 16 anos e não quer aparecer. O rapaz é moreno, têm um topete engomado e uma camiseta com uma caveira. Têm os olhos claros e sobrancelhas grossas. Isso é tudo que Cristina viu. Isso é tudo que ela sabe dele, no entanto, sairá para ter relação sexual com ele.

A pornografia está mudando a relação entre os jovens

A translação da pornografia para a realidade.

Isso que para Cristina é fácil, é uma translação da pornografia para a realidade que os adolescentes estão habituados. Pornografia gratuita, de fácil acesso, com alta qualidade de imagem, ilimitada em quantidade e variedade, anônima, com muita interatividade... e cada vez mais violenta. Lembraram do caso do jogador e da modelo? A idade média que iniciam é de 14 anos para os rapazes e de 16 para as mocinhas. Mas muitos deles têm o primeiro contato com a pornografia já aos 8 anos de idade. Esses dados, que são preocupantes, confirmam o que percebíamos: a pornografia está mudando as relações dos adolescentes. Os celulares e computadores estão claramente relacionados com essa mudança.

A pornografia está mudando a relação entre os jovens

Nas imagens não há comunicação, afetividade ou intimidade.

A pesquisa feita nos países ocidentais mostra que os rapazes e as moças passaram a conhecer o sexo através do consumo voraz de vídeos de poucos segundos. São imagens onde não há comunicação alguma entre o homem e a mulher, não afetividade e nem intimidade. Apenas penetração...muitas com doses elevadas de violência. Usam esses vídeos para masturbar-se (43,9%), por curiosidade (40%) e para aprender (25,4%). A ausência de comunicação lhes parece absolutamente normal. "Para que, estão transando?", afirma Cristina como se o mutismo entre casais fosse universal e satisfatório.

A pornografia está mudando a relação entre os jovens

Violação em grupo.

Um dos vídeos mais frequentados é uma violação de uma moça por um grupo de rapazes. Os estudiosos afirmam que está ocorrendo uma "banalização da violência sexual". Ao não existir uma educação sexual verdadeira nem na escola e nem na residência, esse é o modelo que seguem. E esse é o preço que pais e educadores têm de pagar por não estar fazendo um bom trabalho educativo.

A pornografia está mudando a relação entre os jovens

"Siri, pornô".

Isto é o que ocorre com Cristina. Ela garante que seu celular já está acostumado. Basta ela dizer: "Siri, pornô, e ele já sabe o que têm de fazer", brinca a adolescente. Ela afirma que seus amigos estão cada vez mais ficando viciados em "bdsm suave", um modelo de sadomasoquismo que deve ser consensual, mas que no pornô atinge um alto grau de violência. Eles estão aprendendo a excitar-se com situações de poder. Mas, quando enfrentam a realidade, há problemas. Um choque brutal quando entendem que suas namoradas não aceitam a violência a que estão acostumados nas telas. E para elas, o enfrentamento de situações onde envolve risco de terem de se defender, quando só pensavam em uma noitada de prazer.

Nos siga no Google Notícias