Autismo, esquizofrenia, deficit de atenção: visto pelo 1º mapa cerebral
A humanidade observou a Lua com assombro e terror durante milênios. Um belo dia, o polaco Johannes Hevelius, filho de um rico fabricante de cerveja, construiu um telescópio caseiro na atual Gdansk. Todas as noites de sua vida, sentou-se escrutinando a Lua. E a desenhou. Fez um mapa da Lua, o mesmo usado pela Apolo 11 para escolher onde alunissar. O neurocientista Tomasz Novakowski, também nascido em Gdansk, tal como Hevelius fez, acaba de apresentar o primeiro mapa do cérebro humano em sua etapa de desenvolvimento.
Um projeto de 4,5 bilhões de dólares.
Um projeto de 4,5 bilhões de dólares. Nowakowski é um dos protagonistas da “Iniciativa Brain” para cartografar o cérebro humano, um projeto dos EUA que já acumula a descomunal despesa de US$ 4,5 bilhões. A tarefa é monumental. Durante a gravidez, uma só célula - o óvulo fecundado pelo espermatozoide - se multiplica e, a partir da terceira semana, se inicia o desenvolvimento de um rudimentar sistema nervoso, que culminará em um cérebro com 86 bilhões de neurônios e bilhões de conexões entre eles. Nessa inimaginável construção dentro do crânio do feto, é possível que algumas células tomem caminhos diferentes. Nowakowski cita estimativas que calculam que 15% das crianças e adolescentes vivem com transtorno do desenvolvimento neurológico, como o autismo, a esquizofrenia e o déficit de atenção com hiperatividade.
No final da gestação.
Nowakowski diz que a equipe deu os primeiro passos para entender em momento especifico da gravidez se concentra o risco de que surja uma anomalia do desenvolvimento neurológico ou até mesmo um tipo de tumor. Os genes implicados em transtornos como o autismo e a esquizofrenia, explica o polaco, se ativam com maior intensidade no final da gestação, justo na etapa em que se mais se diferenciam as células cerebrais. É essencial dispormos de um atlas para compreender como se forma o labirinto cerebral humano. Até agora, a ciência só dispunha de um mapa do cérebro de ratos criado pelo chinês Hongkui Zeng há dois anos.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.
