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Em Pauta

Começa a emergir uma África Medieval rica e poderosa

Mário Sérgio Lorenzetto | 15/10/2019 06:35
Começa a emergir uma África Medieval rica e poderosa

Há séculos uma vasta parcela do pensamento ocidental trata a África como se ela existisse fora da história e do progresso. Entre os intelectuais o racismo é explícito. Voltarei disse: "chegará, sem duvida, o dia em que esses animais [os africanos] aprenderão a cultivar direito a terra". A opinião de Hegel é ainda pior: "O que conhecemos com propriedade da África é seu espírito fora da História, alheio ao Desenvolvimento". E o racismo hediondo não para no passado. Donald Trump referiu-se a várias nações africanas como "países de merda".

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No século IX, já tinham cheque.

Quem estuda a história do dinheiro sabe que os "cheques", papéis que substituíam o dinheiro, surgiu em 1.156, na Itália. O primeiro "cheque" foi dado por dois genoveses. Mas essa é uma história medieval europeia. Em verdade, agora sabemos que o primeiro cheque foi feito na África. Um mercador subsaariano emitiu um cheque a um negociante do Marrocos, no valor de 42 mil dinares, no século IX, algo como 300 anos antes dos italianos montarem suas "bancas", os atuais bancos.

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Uma diplomacia sofisticada.

A diplomacia já era muito sofisticada na África medieval. Enquanto os europeus se matavam em intermináveis guerras, os egípcios, no século VII, mantinham a paz com seus vizinhos utilizando os serviços de "diplomatas".

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Milhares de navios do Mali do rei Abu Bakr II.

No início do século XIV, mais de um século e meio antes das viagens de Colombo, um monarca do Mali chamado Abu Bakr II equipou uma expedição com 200 navios para tentar descobrir "o outro limite do Oceano Atlântico". Só um navio retornou ao Mali. Há interpretações que eles se aproximaram das costas espanholas, mas são interpretações. O que é História é que o Abu Bakr II equipou uma expedição ainda maior, com 1.000 navios sob seu comando pessoal. E nunca mais se teve notícias deles. Mas era uma expedição semelhante à gigantesca armada chinesa comandada por Zheng He quase na mesma época.

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O esbanjador Mansa Musa.

Imaginem uma peregrinação saindo do Mali para chegar em Meca com 60 mil homens e 14 mil escravas. Acrescentem entre 13 e 18 toneladas de ouro puro carregados por esse gigante exército. Essa foi a peregrinação feita pelo rei do Mali Mansa Musa, que sucedeu Abu Bakr II. O esbanjamento era tão grande que ele saiu distribuindo ouro para todas as mesquitas até o Cairo (4.500 km) e para todos os pobres que encontrava. Musa, em pessoa, deu ao governador do Cairo nada menos de 200 quilos de ouro. O Mali era o grande parceiro comercial do Egito nesse tempo. Nenhum se interessava pela pobreza europeia.

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Três países lutando contra a escravidão.

Há uma ideia infundada que todos os africanos vendiam seus irmãos aos europeus. Agora sabemos que Gana, Benim e Congo travaram uma dura guerra contra a escravidão forçada pelos portugueses. O Congo foi além. Antes da derrota para a aliança entre Portugal e Holanda, mantiveram embaixadores no Vaticano por mais de 90 anos, visando complicar a tão desejada escravização praticada a ferro, fogo e tráfico pelos portugueses.

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A derrocada africana.

A África foi derrotada pela moeda. Conchas e tecidos manufaturados eram a moeda de alguns dos principais países africanos. Os holandeses descobrindo a fixação dos africanos por tecidos, inundaram a região com seus primeiros têxteis industriais, acabando com o mercado para a manufatura. Depois de retomarem o controle de Luanda, em Angola, os portugueses também inundaram a região com conchas trazidas do distante Pacífico. A catástrofe monetária fez sucumbir os principais reinos africanos.

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