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Em Pauta

Como será a economia mundial dentro de 20 anos?

Mário Sérgio Lorenzetto | 28/03/2017 08:21
Como será a economia mundial dentro de 20 anos?

Imagine uma realidade econômica em que a Índia é maior que os Estados Unidos. A China domina 20% do PIB global. A Indonésia é uma das 5 maiores potências mundiais. Não é sonho, caso a política não mude os rumos da economia, essa será a nova conformação da economia mundial.

Um relatório da PriceWaterhouseCoopers (PWC), uma das maiores empresas de consultoria do mundo, conclui que os mercados emergentes dominarão as dez maiores economias mundiais. E as sete maiores economias dominarão metade do PIB global.

Enquanto isso, a Europa continuará definhando e terá apenas 10% do PIB global. E o Brasil? Caso nossa economia continue no caminho correto, sairemos do atual posto de sétima economia mundial para a quinta posição.

Como será a economia mundial dentro de 20 anos?
Como será a economia mundial dentro de 20 anos?

O Estado Islâmico, o fim do mundo e as árvores.

O islamismo não é o Estado Islâmico. O terror que esses radicais propagam não está no Corão. Má interpretação é pouco para definir o que fazem. Cortar cabeças, esquartejar, matar os que pensam de forma diferente, escravizar mulheres, obrigá-las a casar, nem mesmo o "jilbab", o tecido que cobre as mulheres dos pés a cabeça, nada disso faz parte da filosofia do Islã.

Para ficar apenas com o último, o jilbab. Essa vestimenta foi inventada há pouco mais de 80 anos, enquanto o islamismo tem 14 séculos.

Se há tanta inverdade, o que leva os jovens ocidentais a se filiarem a esses tresloucados? De forma geral, uma promessa de paraíso. Aqueles que aliciam os jovens prometem uma vida fácil, organizada e bonita. Descrevem Raqqa, cidade principal do Estado Islâmico, na Síria, como se fosse um condomínio de ricos no ocidente: "um lugar onde se vive em total segurança, onde se encontra tudo que se quer, os melhores sucos de fruta...".

No lugar de sucos vitaminados, encontrará pedaços de corpos humanos expostos em praças públicas. Em vez de um príncipe árabe encantado, será obrigada a se casar com um homem que já tem várias mulheres. E, se não casar, será presa, interrogada e espancada.

Os membros do Estado Islâmico utilizam a noção de fim do mundo para propagar o terror e, com isso, recrutar jovens dispostos a morrer. Se o mundo vai acabar, melhor morrer antes, servindo a Deus. Mas, no Corão, Deus diz que quando chegar o fim do mundo, será preciso ainda plantar uma árvore.

Isso quer dizer que não se pode ficar em uma noção de fim do mundo como algo que leva ao nada. Portanto, se esses jovens forem para a Síria ou Iraque para servir ao Estado Islâmico, quem plantará as árvores quando o mundo acabar? Eles não resistem a nenhum argumento, só vivem sob a trovoada de bombas que lhes despejam na cabeça.

Como será a economia mundial dentro de 20 anos?

O império do algodão. Uma história global.

Durante os últimos anos, poucas pautas animaram tanto o debate público como o capitalismo. Questionam a natureza, o passado e a viabilidade desse modelo econômico. O capitalismo se converteu no centro de atenção, tanto por causa da preocupação com a desigualdade e pela degradação do meio ambiente, como pelas políticas atuais de austeridade.

Todos os enfoques são pertinentes e passíveis de erros e acertos. Todavia, há um equívoco que não se mantêm em pé minimamente: a globalização não é um fenômeno novo, pelo contrário, têm uma longa história.

Há muitas formas de entender a história da globalização, uma das mais interessantes é seu início com o tabaco, largamente contada nesta coluna. A outra, é com o entendimento do império do algodão. Essa planta teve importância extraordinária na história dos últimos séculos. Hoje é impossível imaginar, com os artefatos de alta tecnologia, como os celulares e televisores, mas durante quase 900 anos, fiar e tecer o algodão foram as atividades manufatureiras mais importantes.

Foi na indústria algodoeira que a eclodiu a Revolução Industrial que iria transformar o mundo. Primeiro na Inglaterra, depois em vários países europeus e, a seguir, nos Estados Unidos. Quase todos os países conheceram a modernidade com a indústria algodoeira.

Graças a essa planta, cultivada por escravos, os Estados Unidos começaram a influenciar a economia mundial. Como também, pelo lado oposto, a Índia viu sua decadência concomitante com a queda da vendagem do algodão. Até o século XIX, o algodão comandava o emprego mundial, o comércio e os grandes investimentos.

Seguindo seus passos desde os camponeses, parceiros e escravos que o cultivavam, até os mercadores que o comerciavam, chegando aos tecedores que o manufaturavam e, por ultimo, aos consumidores que compravam artigos de algodão, se pode ver que o capitalismo foi um fenômeno mundial desde o princípio.

Percorrer a história do algodão nos permite ver que acontecimentos muito diferentes e aparentemente contraditórios de diferentes partes do mundo guardavam relação entre si. Só existiu um enorme contingente de trabalhadores assalariados na Europa devido ao crescimento da escravidão no continente americano. Também se entenderá como países se industrializaram fortemente enquanto outros, desindustrializaram.

A história do algodão demonstra que a capacidade de industrialização da Europa só existiu, inicialmente, pela expropriação de terras e pelo trabalho escravo no continente americano. A Europa escapou de sua imensa escassez - cultivava pouco algodão - mediante o controle violento do comércio de algodão no mundo. Durante 80 anos pelo menos, entre 1780 e 1860 o algodão que chegava à Europa e a sustentava, era proveniente de trabalho escravo.

Não há como saber se a indústria algodoeira era a única via possível para chegar ao mundo industrial moderno, mas sabemos que foi esse o caminho para atingir o capitalismo mundial. Não sabemos se a Europa e os Estados Unidos teriam conseguido tamanha riqueza sem a escravidão, mas sabemos que o capitalismo industrial surgiu do violento caldeirão da escravidão, misturada com o colonialismo e da expropriação dos bens dos povos que residiam nas Américas.

Como será a economia mundial dentro de 20 anos?

César, Alarico e Dante tiveram enfermidades que marcaram a história.

José Serra acaba de sair do cenário político nacional. Dores na coluna lhe tiraram, por enquanto, as possibilidades de maior participação nos destinos políticos do país. Era provável que ele fosse o maior eleitor tucano, quem lideraria parte importante do tucanato para decidir entre Alckmin ou Aécio nas eleições de 2018. Muitas vezes a história é escrita pelos livros médicos e não pelos da política.

Na Europa há uma nova história em voga. Ela não é contada por historiadores e sim por médicos. Os pacientes desses médicos tem 200 anos ou 2.000 anos. Raras vezes tem seus corpos para fazer um diagnóstico.Esses médico-historiadores recorrem aos livros e documentos, lêem as fontes originais. São os paleopatógrafos. Eles se metem em uma "máquina do tempo" para descobrir a enfermidade que marcou a vida de grandes personagens, enfermidades que mudaram o rumo do mundo. Estão entre os livros mais vendidos no momento europeu.

Um dos personagens estudado é Júlio César, o criador do Império Romano. A história da Roma Imperial conta que César era epilético. A epilepsia era considerada uma doença sagrada, digna apenas de poucos que tinham acesso aos deuses romanos. Era uma invenção, uma propaganda criada para preservar as dificuldades de César governar (Napoleão, muitos séculos depois, utilizou a mesma burla).

Em verdade, tudo indica que César teve, pelo menos, dois derrames cerebrais. Quem afirma, e ganha muito dinheiro, são os paleopatógrafos Francesco Galassi e Hutan Ashrafian. Mas, se os problemas de saúde mudaram um tanto o destino do mundo, há outro grande personagem que sua doença mudou tudo.

Alarico foi o único rei visigodo que se atreveu a saquear Roma, cidade inexpugnável por quase mil anos. No ano 410 d.C, ele estava em frente dos portões de Roma. Mas a capital do Império Romano não era seu objetivo final. Queria chegar ao Magreb, a África banhada pelo Mediterrâneo, a região que fornecia os grãos para os romanos se alimentarem.

Todavia, Alarico faleceu de "uma febre", como a história conta, nesse mesmo ano quando estava na Calabria. Uma equipe de paleopatógrafos desvendou o mistério da morte de Alarico. O plasmodium falciparum, um protozoário causador da malária foi o assassino de Alarico. O sistema imunológico de Alarico não estava treinado para enfrentar essa tropa de protozoários. Alarico foi à Calabria, uma região onde a malária era endêmica até o final do século passado. E, apesar de todo seu vigor, lá encontrou a morte.

Outro grande personagem da história que assiste sua morte ser esclarecida é Dante Alighieri. O maior poeta italiano, um dos maiores da história mundial, tinha narcolepsia. Essa doença é caracterizada por ataques irresistíveis de sono, episódios de fraqueza muscular, paralisia do sono e alucinações dormindo. A história nem sempre é escrita pelas tramas políticas ou pelas definições econômicas. A medicina pode determinar os rumos de uma nação.

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