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Em Pauta

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/07/2019 08:29
EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Desde a proibição de viagens de muçulmanos feita pela administração Trump à cruel política de separar filhos de seus pais, muitos passaram a se opor à linha dura da Casa Branca como se fosse uma aberração histórica, fora de sincronia com os valores norte americanos. Essa percepção é correta? Seu legado pode ser mais desumano, mas ele não é o campeão em expulsões de imigrantes não documentados.

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Desenhos de crianças imigrantes aprisionadas

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Racismo e guerra.

Até a metade do século XX, a política de imigração dos EUA era o que vemos nos filmes edulcorados de Hollywood. As portas estavam abertas para os imigrantes do mundo todo. À partir de 1924, o governo dos EUA passou a estabelecer cotas de imigração. Passaram a acreditar na eugenia - aquela pseudo-ciência, adotada pelos nazistas, que alegava que as raças nórdicas e anglo-saxões são superioras às demais - e cortaram a imigração de todos, exceto de alguns países da Europa Ocidental. Excluíram especialmente os africanos e os chineses. Mas não excluíram os latinos. Os mexicanos foram preencher o vazio de mão-de-obra, especialmente nas colheitas nos campos do sudoeste.

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

E veio a Grande Recessão.

Com a Grande Recessão, veio o desemprego em massa. O Presidente Herbert Hoover curvou-se à pressão popular e criou a ideia de "empregos americanos para americanos de verdade". Aprovou a deportação em larga escala de mexicanos e de suas famílias. Essas deportações foram levadas a cabo pelas polícias locais nas cidades fronteiriças entre 1929 e 1936. Obrigaram, inclusive aqueles que haviam nascido nos EUA, a entrar em comboios com destino ao México.

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Desenhos de crianças imigrantes aprisionadas

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Judeus e japoneses na Segunda Guerra Mundial.

Causa estranheza a falta de memória de Israel e de judeus em geral. Os Estados Unidos negaram a entrada de 200.000 refugiados judeus que fugiam dos nazistas. A guerra também reacendeu antigas atitudes racistas contra os japoneses. A administração de Franklin Roosevelt encarcerou cerca de 120.000 japoneses e seus descendentes - a imensa maioria de cidadãos nascidos nos EUA - em campos de prisioneiros remotos e desérticos. Os que tinham, tiveram de renunciar à cidadania à força.

Mas o alistamento militar criou uma vez mais um vazio de mão-de-obra. Reabriram as fronteiras com o México.

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

O programa Bracero.

De 1942 até 1965 ficou estabelecido o programa Bracero. Encorajava e regulamentava o fluxo de mexicanos e de latinos em geral principalmente para os trabalhos agrícolas. Muitos empregadores burlaram esse programa empregando latinos indocumentados para não lhes pagar o salário obrigatório. Mas nesse período, houve um ano de exceção. Em 1954, o presidente Dwight Eisenhower inciou a "Operação Wetback" para forçar centenas de milhares de trabalhadores agrícolas a deixar os EUA. Milhares foram presos e deportados.

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O generoso Reagan.

Um grande número de centro-americanos começou a chegar aos EUA, fugiam das guerras em seu países, incentivadas pelos governantes norte americanos. Nicarágua, El Salvador, Honduras... a América Central ardia em chamas. Reagan demonstrou generosidade em relação aos indocumentados. Criou uma lei que anistiou mais de 3 milhões de imigrantes sem documentos, a imensa maioria do México e da América Central.

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Desenhos de crianças imigrantes aprisionadas

EUA: a longa história de lidar duro com os imigrantes

Clinton preparou o caminho para a crueldade de Trump.

Mais do que qualquer outro presidente, Bill Clinton preparou o caminho para os planos de Trump de deportar milhões de famílias sem documentos. Criou, em 1996, uma das mais draconianas leis anti-imigração da história norte americana. As deportações durante o governo Clinton subiram como nunca. Mas ainda viria Obama...

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Obama, " o deportador chefe".

Para muitos será uma surpresa saber que o campeão de todos os tempos em matéria de deportação, inclusive contando o governo Trump, foi Barack Obama. É bem verdade que ele suavizou as deportações, tentando proteger as crianças, mas nem sempre teve sucesso. Também tentou esconder de todas as formas possíveis seus exageros de deportação. Seus críticos, estudiosos da história da imigração, o chamam de "o deportador chefe". Ele deportou mais imigrantes do que qualquer presidente dos EUA.

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"Animais", "Vermes", os imigrantes para Trump.

Trump herdou uma fronteira militarizada. E Trump afiou a navalha que tenta cortar a imigração. Ao chamar de "animais" e "vermes" que "infestam" os EUA, tenta incitar um ódio exacerbado contra os latinos em geral. Seu discurso é claramente racista. Caiu a máscara do país acolhedor e hospitaleiro. Retornaram à época da eugenia, sem pudor e nem rubor.

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