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Em Pauta

Jogado no lixo, óleo de cozinha é fonte sustentável de rendimentos

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/12/2013 07:58
Jogado no lixo, óleo de cozinha é fonte sustentável de rendimentos

Óleo de cozinha ou ouro líquido?

Uma das características do capitalismo é a de que coisas que não imaginamos que possam ter valor podem, sim, passar a ter. Daquilo que comumente as pessoas pensam que é lixo, imprestável, surge a reciclagem, uma forma de racionalizar grandes problemas que enfrentamos em nossa sociedade. É assim que o produto descartado retorna ao consumo.

A vantagem daqueles que lidam com lixo é de que a matéria prima tende a ter custo muito baixo – em países em que o lixo é separado, o processo é facilitado. O Brasil, infelizmente recicla muito pouco. Nos Estados Unidos, contudo, até óleo de cozinha retorna para a indústria. Em Newark, uma empresa processa cerca de um milhão de toneladas de “ouro líquido” por ano. A Dar Pro costumava coletar partes descartadas de animais da indústria de alimentos, eles separavam a gordura das proteínas e vendiam o produto para empresas de cosméticos, sabão, fertilizantes e ração animal. Trinta milhões de toneladas de partes de animais são processadas a cada ano nos Estados Unidos. Dar Pro é a maior empresa que realiza este serviço, com 120 usinas em 42 estados.

Jogado no lixo, óleo de cozinha é fonte sustentável de rendimentos

Empresa dispensa publicidade – fatura na base do ‘come quieto’

Não há investimento em publicidade, o C.E.O. da empresa RandallStuewe explica que eles não contavam para ninguém o que estavam fazendo, e o faziam assim por estarem ganhando dinheiro, e o dinheiro é visto como uma coisa ruim, em alguns casos, nos EUA. Se ele estivesse no Brasil chamariam ele de “come quieto”. A empresa é avaliada hoje em US$ 2 bilhões. Sua fortuna veio do óleo de cozinha coletado no lixo dos restaurantes de todo o país. O óleo era usado principalmente na pecuária para a engorda de animais. Porém, nos últimos anos um novo mercado foi descoberto – o dos biocombustíveis.

O processo de filtragem do óleo não é a coisa mais bonita de se ver. Porém, o óleo de cozinha é 80% mais limpo do que combustíveis fósseis. É mais limpo na emissão de CO2 do que o etanol de milho e não compete com o abastecimento de comida. Não existe óleo suficiente para solucionar a crise energética do mundo, mas é mais uma alternativa para o problema. Os governos incentivaram a produção de biocombustíveis. A crise dos combustíveis fósseis não é “papo de ecologista”, eles têm prazo para acabar – apesar de o pré-sal dar uma sobrevida para este paciente enfermo.

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‘Luta’ pelo óleo é realidade

A alternativa racional que está sendo apresentada é mistura de biocombustíveis com combustíveis fósseis. Ao invés de secar todas as fontes vai sendo promovida uma adaptação nas matrizes energéticas. A empresa aérea KLM é um exemplo, passou a utilizar 20% de óleo de cozinha convertido em biocombustível em um de seus voos transatlânticos diários. A origem do óleo está nos restaurantes da Louisiana. O aumento da demanda fez o preço do óleo subir. Fator que levou ao aumento do número de roubos do produto. A coisa ficou tão séria que a própria Dar Pro passou a contratar seguranças. O lixo de uns é fonte de riqueza de outros, e o “ouro líquido” se tornou propriedade privada. Nem todos acreditam que o roubo de óleo de cozinha é o maior problema, a questão estaria em como a Dar Pro quer construir um monopólio na área, uma vez que nem sempre ela paga pelo óleo dos restaurantes.

O filme Clube da Luta tem cenas que ajudam a entender o “mercado” do “óleo”. Brad Pitt – Tyler Durden – rouba lixos de clínicas de lipoaspiração e produz sabão em casa, ele se apresenta como um “vendedor de sabão”. Trata-se, na verdade, de uma imagem simbólica da crítica maior que o filme apresenta, pois o sabão “dos ricos” é feito com a própria gordura deles. Enquanto que, no filme, o sabão ocupa o papel de simbolicamente purificar e civilizar, ainda lidamos de forma bastante primária com nossos lixos. No Brasil estamos literalmente jogando dinheiro pelo ralo. Pior, o “ouro líquido” é um poluidor de vias fluviais.

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Conheça os pontos de coleta de óleo em Campo Grande

Campo Grande conta com três pontos de coleta: Mercado Municipal – Rua 7 de setembro, Centro. Ecoponto Bálsamo – Rua dos Topógrafos com Araraquara, Jardim Bálsamo. Ecoponto São Conrado – Rua Furquim com Rua Campo Maior, bairro São Conrado. Após coletado, em quantidade muito pequena, para onde é levado?

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Senado analisa novas regras para incluir devedor em lista suja

O Senado vai analisar na terça-feira (10) as novas regras para a inclusão de devedores no cadastro dos serviços de proteção ao crédito. Entre as mudanças previstas está a proibição da inclusão de informações obtidas em contratação por telefone. Além disso, o serviço de proteção ao crédito terá de corrigir imediatamente a informação se o consumidor apresentar comprovação de pagamento da dívida. O projeto, em caráter substitutivo, está na pauta da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e, se passar por todas as instâncias do Congresso, vai permitir somente a inclusão de informação relativa a inadimplência quando for emitido título ou documento fiscal correspondente, devidamente contabilizado. Se o título for protestado, o responsável pelo cadastro não precisará fazer nenhum comunicado ao consumidor. Se ocorrer o contrário, o devedor terá de ser avisado. No caso de endereço incorreto, o serviço de proteção ao crédito deverá "envidar esforços" para localizá-lo, "utilizando-se de todos os meios legais disponíveis".

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