Macarronada contra o fascismo: por que a pasta é um símbolo de resistência
O fascismo tinha uma ideia diferente do que era o verdadeiro homem italiano. O facista de carteirinha não comia macarrão. O regime considerava que era um alimento que não se encaixava com o espírito rural e nacionalista do novo homem que teorizava, e tentou obstaculizar seu consumo…com poucos resultados.
Queda de Mussolini celebrada com macarronada.
Quando no 25 de julho de 1.943 Benito Mussolini, il Duce, foi arrastado, muitos saíram às ruas para celebrar comendo um prato de pasta, em um gesto de desafio à cultura que a ditadura tentava inculcar. Nasce assim a “pastasciutta antifascista”, uma tradição recuperada nas últimas décadas na Itália e em outros países.
Cervi e a resistência com macarrão.
Entre 26 e 27 de julho de 1.943, a noticia da derrota do regime facista começa a circular lentamente. Uma família de trabalhadores rurais da província da Reggio Emilia, no noroeste da Itália, prepara quilos e mais quilos de macarronada comprados a credito em uma leiteria. Guarda a macarronada em vários tambores de leite e os leva à praça para comemorar com o povo a queda da ditadura. Acreditavam, naquele momento, que a guerra também tinha acabado. Alcide Cervi, o patriarca dessa família, vendo que a guerra não tinha terminado, se une à resistência com seus sete filhos. Todos foram fuzilados poucos meses depois. Mas a data e o costume de comer pasta ficou marcado como um símbolo universal de resistência.
Arroz no lugar de macarrão.
O consumo de pasta na Itália entre as duas guerras mundiais se situava em torno de 20 quilos per capta, ao redor da metade dos 45 quilos atuais. Entre 1.925 e 1.926, o fascismo tentou trocar a macarronada pelo arroz. Naquela época, a Itália tinha de importar o trigo da macarronada e tinha elevada produção de arroz. Foi assim que os fascista tentaram criar a ideia de que o italiano sempre tinha comido verduras, polenta, sopas, mas nunca macarrão. O discurso dos fascistas era de que o macarrão convertia os italianos em pacifistas e neutralistas. Também afirmavam que a pasta ofuscava o pensamento racional. Apesar do esforço fascista, o arroz continuou sendo comido apenas no norte da Itália, local de sua produção. No sul, permaneceu desconhecido.
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