Segurança privada avança em MS, mas maioria atua com curso vencido
Com quase 36 mil vigilantes ativos, 78% estão com a formação desatualizada
Com a entrada em vigor da nova Lei da Segurança Privada, sancionada em setembro do ano passado, o setor começa a viver um novo ciclo em todo o país e os efeitos já aparecem também em Mato Grosso do Sul, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (24).
RESUMO
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O setor de segurança privada em Mato Grosso do Sul registra crescimento, mas enfrenta desafios na capacitação profissional. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam que 28.282 vigilantes estão com formação vencida, enquanto apenas 7.608 mantêm cursos atualizados. O estado conta com somente quatro escolas de formação ativas. Apesar das limitações, os salários do setor apresentaram aumento significativo. A remuneração base para vigilância patrimonial subiu para R$ 1.818,37 em 2025, um reajuste de 16%. No transporte de valores, o piso alcançou R$ 2.539,82, representando aumento de 36% em três anos. A nova Lei da Segurança Privada, sancionada em 2023, promete combater a informalidade no setor.
O número de vínculos ativos no setor chegou ao maior patamar dos últimos cinco anos, mas a capacitação dos profissionais ainda é um gargalo: quase quatro em cada cinco vigilantes estão com cursos vencidos, sem poderem atuar do mercado.
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Atualmente, 28.282 vigilantes estão com a formação vencida em Mato Grosso do Sul, fora do setor, enquanto 7.608 têm os cursos atualizados. O número preocupa, especialmente diante do crescimento do setor e das exigências trazidas pela nova legislação, que prevê punições mais duras para empresas e contratantes de serviços irregulares. Ainda segundo o anuário, existem apenas quatro escolas de formação de vigilantes ativas aqui.
Mesmo com as limitações na formação, os salários dos profissionais avançaram no período. A remuneração base para vigilância patrimonial, segurança pessoal e escolta armada passou de R$ 1.567,83 em 2022 para R$ 1.818,37 em 2025, um reajuste de 16%. Já no transporte de valores, onde o risco é maior, o piso chegou a R$ 2.539,82 este ano, que representa uma alta de 36% em três anos.
O presidente da Fenavist (Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores), Jeferson Nazário, destaca que o Estatuto da Segurança Privada é um divisor de águas no setor, especialmente ao criminalizar a atuação de empresas clandestinas. “A nova lei traz instrumentos eficazes para o combate à informalidade e garante mais segurança jurídica às empresas regulares”, afirma.
Ainda assim, o número de empresas ativas no Estado caiu em 2025. O total de firmas de transporte de valores caiu pela metade, de oito para quatro. A escolta armada também encolheu, de 13 para nove empresas. Apenas a vigilância patrimonial manteve relativa estabilidade, com 45 empresas ativas este ano.
Outro dado que chama a atenção é a queda no número de armas adquiridas por empresas do Centro-Oeste. As compras de armamento letal despencaram de 919 em 2022 para 676 em 2023, com leve recuperação em 2024 (903). Já as aquisições de armas não letais desabaram: foram apenas 61 em 2023, ante 480 no ano anterior.
Nacionalmente, o setor emprega hoje mais de 571 mil vigilantes, segundo a Polícia Federal, com crescimento de 10% nos primeiros cinco meses deste ano. A maioria tem entre 40 e 49 anos, e 84% possuem ao menos o ensino médio. Mesmo com a alta na ocupação, estima-se que 200 mil profissionais com cursos válidos ainda estejam fora do mercado.
O novo estatuto ainda aguarda regulamentação por decreto presidencial. Enquanto isso, o setor pressiona o governo pela publicação do texto que detalhará a atuação de empresas e profissionais. O temor é que, sem regras claras, parte dos avanços legais não possa ser efetivamente aplicada.
Jeferson Nazário acredita que o momento é de virada. “Com uma lei moderna e justa, temos agora a oportunidade real de reposicionar o setor como uma engrenagem essencial para o bem-estar da sociedade”, afirma. Mas reforça: para isso, é preciso investir em capacitação e deixar a clandestinidade para trás.
Outro lado – Ao Campo Grande News, o major Arquimedes Gonzaga Gonçalves, secretário do Sindicato das Empresas de Segurança Privada de MS, explicou que os 28.282 vigilantes com a formação vencida não estão em atuação no mercado.
"As empresas são rigidamente fiscalizadas, e os trabalhadores passam por curso de reciclagem a cada dois anos. Quem não faz esse curso não pode atuar. Nosso mercado, na verdade, tem mais pessoas com o curso atualizado do que vagas disponíveis", esclareceu.
Ele também reforçou que as escolas de formação são fiscalizadas e precisam estar regularizadas para oferecer os cursos. Todo o processo é monitorado pela Polícia Federal.
*Matéria editada às 15h48 para acréscimo de informações.
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