O padre que foi jogado em um fosso de cobras pelos guaranis
Saturnino era seu nome. Mas ninguém sabia. Era conhecido como Frei Mariano. Nascido em Bagnaia, na Província italiana de Viterbo, em 1.820, chegou no Rio de Janeiro em 1.847. Da capital federal de então, foi enviado para Miranda, no Mato Grosso do Sul, onde construiu uma capela e manteve boas relações com os indígenas da região. Com o estouro da guerra contra os guaranis de Solano Lopez, foi aprisionado e levado para o Paraguai.
Enlouquecido pelas cobras.
Triste sina de um missionário, Frei Mariano foi jogado em um fosso cheio de cobras. Crueldade. Desumanidade. Além dos sofrimentos corporais e fome extrema, sua permanência no Paraguai como prisioneiro, desencadeou um processo de desequilíbrio mental que o marcou pelo resto da vida.
A crise do sino.
Quase milagrosamente, no momento que seria assassinado por um oficial guarani, Frei Mariano foi salvo pelas tropas brasileiras. Esquelético, esfarrapado e com os cabelos longos e desgrenhados, foi enviado a Corumbá para ser seu pároco em 1.869. Começou então a erguer a igreja matriz. Foi inaugurada em partes. Faltava o sino. Contraiu um empréstimo com um comerciante local. A falta de condições para ressarcir o empréstimo provocou uma polêmica na cidade, inclusive em jornais, com acusações de ambos os lados. Essa crise acelerou sua instabilidade mental.
Morte e maldição.
Seus superiores retiraram-no de Corumbá e o levaram de volta para o Rio de Janeiro. Passou a delirar e a dar sinais de loucura. Tentou lançar-se em um rio. Não conseguindo, golpeou profundamente sua própria garganta com uma navalha. Quinze dias depois, faleceu. Reza a lenda corumbaense que, Frei Mariano, nome dado a sua principal avenida, jogou uma maldição sobre a cidade. Como toda a lenda, ninguém sabe qual a maldição. Jocosamente, os corumbaenses, criaram um bloco que canta essa maldição.
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