O rapto frustrado das donzelas fronteiriças
No início do século passado, existiam poucas mulheres na fronteira do Brasil com o Paraguai. Os dados são imprecisos, mas a impressão é da diferença de três ou quatro homens para cada mulher. A luta para conquistar uma delas se dava em toda parte e com todas as truculências. Não foram raras as mortes por duelos originários dessa disputa.
O “jeroviaha”.
O moço, de dezenove anos, vendendo saúde, ligeiro como o raio, era um “confianza” perfeito do fazendeiro. Podia se desincumbir da missão delicada, sem molestar a ninguém. Recebeu uma quantia em dinheiro e montado em seu burro castanho, tomou rumo de P.Porã. A missão dada pelo patrão, não muito benquisto na região, deveria ser desempenhada na cidade paraguaia de Pedro Juan. A tarefa delicada era roubar as duas filhas de um casal de velhos fabricantes de farinha de mandioca. Era um “jeroviaha”, um raptor.
Tinha visita.
Foi infeliz o “confianza” de dezenove anos. Havia visita na casa. Recebeu um tiro no braço. Conseguiu fugir. As moças que esperavam por esse dia, guardaram silêncio. O ferido, viajando dia e noite, chegou à fazenda do patrão. O braço já exalava insuportável mau cheiro. Reconheceu a pouca sorte e o humilhante fracasso. Recebeu do patrão um tiro de 44 no rosto. Caiu morto, ali mesmo, sem um gemido. A cena só foi presenciada pelo Pedro Corvalan, “O filho de criação do assassino. O jovem foi enterrado na beira do rio Ivinhema. Um crime horrendo e impune a mais.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.