O temor das cartas que viajavam em uma pequena caixa de madeira
Muitos nem sabem o que era uma carta, a única forma de comunicação entre as cidades durante séculos. No Mato Grosso do Sul dos anos 1.910, viajavam em média três meses. Tempo maior na região da fronteira onde levavam cinco meses para chegar. O polo distribuidor das cartas era Bela Vista. De lá, partia o estafeta.
O homem mais querido da cidade.
Era a pessoa mais importante. Sempre esperado e sempre querido. Imponente. Devido à sua função, muito considerado pela população. Montado em seu cavalo, fazia durante um mês, três viagens de Bela Vista até outra destino fronteiriço. Carregava as malas de correspondência. A entrega era feita através de uma relação com anotações minuciosas do recebedor.
Era uma festa.
A carta chegava mais amassada que roupa de borracho. O feliz recebedor, com ares de importância, marcando sua felicidade, era invejado. Fora lembrado. Não era um esquecido, um enjeitado. Todos querendo saber as noticias que trazia.
As pequenas caixas de madeira.
Algumas dessas cartas viajavam em uma pequena caixa de madeira. Era um sinal desalentador. Parente gravemente enfermo ou…morte. A dor baixava com a solidariedade de todos. As lágrimas queimavam. Depois vinham as rezas em sufrágio da alma.
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