Onça, tubarão, gorila: a carne humana não faz parte do cardápio
Ao contrário do que a maioria acredita, os especialistas levam anos evidenciando que esses animais - tidos como assassinos - só tendem a nos agredir como um reflexo de autodefesa. A carne humana não faz parte de seus cardápios. Há uma regra que poucos conhecem: o tamanho desses animais pode torná-los exímios defensores do que consideram um ataque humano. Os pequenos não tem boa capacidade de defesa.
Os onceiros do Mato Grosso do Sul.
Durante décadas, a profissão mais valorizada no Pantanal, e na fronteira, foi a do matador de onça, os “onceiros”, como eram chamados. Pagavam por sua matança o dobro do salário de um peão de fazenda comum. Eram tidos como “heróis”. E a mitologia que cerca a onça permanece viva, porém cambaleante. A única verdade é que esse belíssimo animal corre risco de extinção. Seus crimes: comer eventualmente algum bezerro e “devorar” humanos incautos. As manchetes sensacionalistas dos ataques de algumas onças explodem: matar, matar, matar esse elegante animal.
O tubarão inventado pelo cinema.
Não há filme que tenha feito mas dano a reputação de um animal que “Tubarão” de Steven Spielberg. Estreado em 1.975, mas o medo que infundiu nas pessoas segue latente cinquenta anos depois. Dizem que, tal como nossas piranhas, os tubarões enlouquecem quando cheiram uma gota de nosso sangue, entram em frenesi. A verdade é que nosso sangue tem outros componentes que não tem suas presas habituais. Nosso sangue não exerce atração para seu olfato. Enquanto os tubarões matam de quatro a cinco humanos anualmente, nós matamos milhares diariamente. Como as onças, correm risco de desaparecer da face da Terra.
O gorila de cinema.
Até bem pouco tempo, os gorilas eram criaturas mitológicas. Macacos gigantes, com o corpo coberto de pelos, raptavam mulheres…e abusavam delas. Uma fabula sexualizada. Dotados de uma força descomunal, enfrentariam lanças e machados afiados das tribos guerreiras. Essa fábula só começou a declinar em meados do século XIX, quando o missionário norte-americano Thomas Savage apareceu no rio Gabão para combater a lenda. Foi esse homem que começou a tirar os gorilas do bestiário. Mas eles nunca perderam sua dimensão de criaturas fantásticas e continuam dando dinheiro para o cinema.
A ficção poderosa.
O grande problema dos “animais assassinos” é que a ficção tem a capacidade de atuar em nosso cérebro com muita intensidade. O cérebro acaba assimilando-as como se fossem representações da vida real. Por isso, as fábulas se tornam tão poderosas.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.






