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Em Pauta

Pão e circo. A eterna compra de votos

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/07/2017 07:11
Pão e circo. A eterna compra de votos

Panem et circense: por qual motivo a elite romana organizava jogos e distribuía trigo para a plebe? Prática diversionista? Clientelismo? Despolitização? Mais que simples mecanismo de controle da plebe, a política do pão e circo remete às práticas herdadas das cidades-Estado gregas como demonstração de superioridade. Quando apropriadas pelos romanos, a compra de votos, é um fenômeno mais amplo em que os aristocratas realçam sua posição social por meio de doações ostentatórias para a coletividade e para os bairros romanos mais pobres. Mas até onde se conhece, tudo começa com uma profunda mudança no poder religioso.

A antiga religião grega venerava o fogo e os antepassados de cada família, encarregando um de seus membros de seus ritos ("eupátrida" para os gregos; depois, "pater" para os romanos). Esse eupátrida administrava era senhor, juiz e sacerdote. Devia ter um altar ("domus") para venerar os antepassados, oferendas aos mortos e uma chama - ou pelo menos brasas vivas - , pois caso contrário, seus domínios não estariam protegidos pelos mortos. Sua propriedade era protegida pelo deus Termino, manifesto por uma pedra na fronteira de outra propriedade. Quem apenas encostasse nessa pedra receberia pena de morte. Sem mistérios, nem promessas, o essencial dessa religião é que consagrava a dignidade e a inviolabilidade de cada propriedade.

A religião estava unida ao mundo econômico e político. Os poucos cargos públicos eram reservados apenas aos que dispunham de altar doméstico e isso excluía a dois ou três grupos. A "clientela", o primeiro grupo, trabalhava em alguma fase do ano a terra dos "patricios", os nobres poderosos. A "plebe", o segundo grupo sem poder algum, agrupava pessoas sem raíz, aqueles que não tinham casa ou terra própria e não podiam penetrar na Acrópolis grega ou, mais tarde, no Palatino romano. O terceiro grupo era formado pelos escravos que não tinham poder, mas poderiam vir a tê-lo desde que comprassem sua liberdade.

Pão e circo. A eterna compra de votos

A breve democracia grega

O salto ao civismo, a revolução democrática, derruba uma série de poderes. Reduz a ligação do eupátrida com o mundo da religião, reduz para no máximo uma geração a postedade do rei, isto é, o rei só poderia passar para um filho seu poder, o neto ficaria sem nada. Ainda retirava do rei o poder militar e o jurídico. O rei ficou "seco". É também nessa época - século VI a.C - que uma nova religião toma forma, a "physis" (natureza") começa a surgir em forma de arte. Ainda que os tiranos tentem perpetuar-se através de filhos e netos, nenhum consegue prolongar sua égide por mais de duas gerações. Surgem os primeiros "demagogoi", eupátridas que conseguem montar alianças entre a classe média rural e a urbana. Mas a nobreza de sangue está arruinada. Os novos ricos, que fazem o comércio exterior, descendem de famílias de "clientelas" e da "plebe". Por outro lado, graças aos escravos, os detentores de votos podem desempenhar todas as funções legislativas, executivas e judiciais de cada cidade-Estado. Era comum o voto ser dado a quem melhor pagasse. A administração pública era formada por uma Assembleia, que reunia periodicamente a mais de cinco mil legisladores; o Conselho, formado por 500 membros e os Tribunais Populares que tinham centenas de juízes.

O homem humilde se apresentava em qualquer eleição para poder patrimonializar seu voto, mas também porque as polis mais prósperas compensavam com alimentos o desempenho de deveres cívicos. Garantia o pão. Juízes agora, deputados a seguir e conselheiros mais tarde, essa nova classe média que chegava ao poder indignava os patrícios que protestavam contra a "entrega do Estado aos menos aptos e independentes". Apesar da indignação de alguns, Atenas têm nesse período mais de 15 escravos para cada adulto-cidadão. Os registros falam de umas 150.000 pessoas livres - que incluem velhos, crianças, adolescentes, mulheres -, para algo como 365.000 pessoas não livres. Arrebentada por essas discórdias, a Liga Ateniense (Corinto, Mileto, Éfeso, Agrigento, Siracusa, Mitilene e Samos) sucumbe ante a Espartana em 404 a.C., uma derrota que entre outros efeitos, têm o de suspender a remuneração dos cargos públicos. Voltam a viver da guerra, como Esparta, saqueando os vizinhos.

Pão e circo. A eterna compra de votos

Empresários portugueses desejam permanência de Temer

A enésima crise política brasileira deixou empresários portugueses temerosos. Torcem por qualquer político que traga estabilidade. Nuno Rebelo de Souza, presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, defende que a continuidade de Temer é a melhor solução para evitar ainda mais riscos. Entre as maiores empresas portuguesas operando no Brasil e atentas aos contornos que a crise pode tomar, estão a EDP, Galp, as construtoras Teixeira Duarte e Mota Engil, o Millenium BCP, Delta Cafés, Azeite Gallo e muitas outras. Todas preocupadas com a inexistência de uma luz no túnel infinito que criamos. A crise também fez vítimas portuguesas: 289 empresas portuguesas deixaram de exportar para o Brasil, ainda restam 1453. O valor global das exportações de produtos portugueses para o Brasil caiu 27% em três anos.

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