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Em Pauta

Rasteira e trabuco na barriga na eleição de Nhu Verá

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 22/09/2025 07:38
Rasteira e trabuco na barriga na eleição de Nhu Verá

O município de Coronel Sapucaia foi um dos distritos de Ponta Porã. Seu nome primitivo era “Nhu Verá”. Por lá, o dia das eleições era sempre marcado por desavenças, que terminavam em lutas corporais. O juiz de paz era uma das principais autoridades.


Rasteira e trabuco na barriga na eleição de Nhu Verá

Casou homem casado.

O velho Meneis era o juiz de paz da pequena localidade. Certa vez, ele casou um homem casado e saiu dizendo que o código era esse mesmo, pois lera muita coisa nos boletins e almanaques das boticas. Como pagamento recebeu uma garrucha de dois canos, de cabo torneado. De botar inveja em qualquer graudão de P.Porã.


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Teje preso.

O que o povo gostava mesmo era ver o Meneis tocá a garrucha no bucho de alguém que desrespeitou a lei. O homem nem piscava quando dava a ordem: “Teje preso!”. Uma vez, porém, o Meneis se estropiou. No dia da eleição deu a voz de prisão para um adversário politico e nem teve tempo de tomar fôlego; rodopiou em um pé e se escarrapachou na areia. Uma rápida rasteira tirou-lhe a arrogância e a impostura.


Rasteira e trabuco na barriga na eleição de Nhu Verá

O inspetor língua de trapo.

Naquela época, Nhu Verá não tinha delegado e nem subdelegado. O policia-chefe tinha o título de “inspetor de quarteirão“. O da vilota era um língua de trapo. De todos falava, e de tudo sabia. Sua vida era um eterno rosário de mexericos, bate-boca e xingamentos. Só se fazia respeitar por ser muito mau e truculento. E foi nessa eleição, mancomunado com o Meneis juiz de paz, que ele se envolveu em uma luta corporal. No calor de uma discussão com um adversário fortão chamado Jagunta, foi envolvido em um abraço de urso. Dizem que o inspetor fofoqueiro perdeu a voz ante o abraço selvagem. Ficou desmoralizado. Perderam a eleição.


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Um turbilhão de luz e fogo.

No velório do Jagunta, eterno adversário, o inspetor e o juiz de paz deram as ordens. Era dia de vingança. Em vilas pequenas o ódio é eterno. Com a maior desfaçatez doaram, entres seus aliados, os bens do Jagunça, deixando a viúva com tão somente um cavalinho e a ordem de sumir da localidade. Uma lufada de vento se abateu sobre a turma do inspetor e do juiz. Um relâmpago abriu caminho. No meio de um turbilhão de luz e de fogo o inspetor e o juiz foram carbonizados. Era a vingança da vingança. Em eleição de fronteira não se brinca. O pau come!

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.