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Em Pauta

Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.

Mário Sérgio Lorenzetto | 31/03/2015 08:15
Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.

Pedro Simon bate no melhor estilo gaúcho.

"Buenas e me espalho". Esse é o estilo Pedro Simon de ser. Um espalhafatoso. Nos gestos, na maneira de ser e de falar. Um político raro, que dava de "dedo em riste" em muitos senadores que não sabiam se comportar. Que cobrava sem pestanejar seus próprios companheiros de partido quando pegos em alguma maracutaia. "Não tem explicação o que está acontecendo no Brasil. Tenho 85 anos e em mais de meio século de vida política não vi isso nem nos piores momentos. Nunca houve corrupção sequer parecida no Brasil", ele afirma.

Os gaúchos se reconhecem como um povo altaneiro. Não é um orgulho infundado. A formação do Rio Grande do Sul e de seu povo foi forjada em batalhas sangrentas e épicas como a guerra dos Farrapos. Pedro Simon é um exemplo dessa coragem e comportamento. "Soma tudo o que o Brasil viveu e vai ver que não é nada perto do que está acontecendo. Soma tudo. Nunca esteve tão ruim como está agora. A corrupção nunca foi pior". "Não há nada que se compare a este petróleo e ao mensalão".

Em suas memórias, Simon também conta: "Itamar (Franco) fez um governo notável. Fez o Plano Real, conseguiu um entendimento entre as oposições. Fernando Henrique Cardoso, que implementara o Plano Real e se elegera graças a ele, tinha obrigação de fazer um belo governo. E fez. Mas se perdeu quando comprou a reeleição a peso de ouro e vendeu a Vale a preço de banana". Em outro trecho, Simon argumenta: "Eu achava que o PT era um partido que nasceu bonito. Lula era um homem sério. Elegeu-se Presidente da República, fez o plano de combate à fome, o Bolsa Família, até o momento em que começou a corrupção. Aí, em vez de combater o roubo, de tomar uma posição, ele deixou ir, deixou ir...Virou isto". Sobre Dilma uma só frase: "Ela sempre foi inexpressiva".

A aversão aos meios ilícitos para enriquecer, no caso de Simon, não é mera retórica ou frase de efeito. Religioso, o ex-senador tornou-se discípulo da Ordem Terceira de São Francisco. Frequentador de missas ele diz que "quando puder, quero conhecer o papa Francisco. Ele é simplesmente sensacional". Está fazendo falta no Senado e na política.

Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.
Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.

A "pureza" do feminismo eleitoral foi desmontada com Dilma no poder?

Há pelo menos duas décadas as campanhas eleitorais no Brasil tentam vender uma certa aura de pureza feminista. Esse é um tema muito explorado nas campanhas. As mulheres seriam mais honestas e sensíveis que os homens. Em um país onde o machismo ainda é predominante, mas onde o feminismo avança a passos largos, esse é um importante debate. Existe diferença entre eleger homens ou mulheres para cargos públicos?

O Brasil estava avançando na conquista de posições pelas mulheres. Avanço, é bem verdade, lento, gradual e restrito. Também é verdade que Dilma não foi eleita pelas suas saias e sim pela força de seu "chefe-padrinho" Lula. Mas, é uma mulher eleita para o mais importante e poderoso cargo brasileiro. Um símbolo de rara importância, a primeira mulher "presidenta", a ser copiada por tantas outras, enfim, um modelo a ser seguido. Nesse momento, sua imagem está apequenada para alegria das multidões de machistas, que não se cansam de lançar acusações sexistas para os problemas econômicos. Um papel que raras mulheres desejam copiar. Uma pobre mulher poderosa.

Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.
Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.

Pronta para casar. O casamento entre indígenas no passado.

A cerimônia de casamento não podia ser mais simples: a moça era entregue ao noivo. E pronto. Raras eram as aldeias que faziam festas no casamento. Na quase totalidade, porém, a comemoração ficava para o nascimento do primeiro filho. Porque, aí sim, a união homem-mulher se completava. Quando passava de menina a mulher, normalmente com a primeira menstruação, a moça atava aos braços e à cintura um fio colorido de algodão. Valia por um anúncio: "Pronta para casar". De preferência, casava-se um ano depois da passagem de condição.

Para o homem era mais complicado. Só por volta dos 25 anos poderia cogitar um matrimônio. Mesmo assim só depois de ter ido à guerra, feito um prisioneiro e matado esse inimigo. A mulher não aceitava ser mãe do filho de homem que não houvesse atendido a esse costume. Elas acreditavam que a criança seria medrosa, tímida e covarde. Uma desonra para a mãe, família e tribo.
Cumprida a dura obrigação do guerreiro, prender e matar, o rapaz escolhia uma jovem. A maneira mais correta de anunciar sua intenção era oferecer seus serviços ao pai da eleita. Enquanto o provável sogro vigiava o trabalho do pretendente, o conselho tribal discutia as qualidades do jovem e decidiam o casamento. Reprovado pelo conselho, abandonava a aldeia, ia para outra procurar uma jovem. Aprovado, tinha de passar por duras provas físicas: era comum ter de carregar um tronco muito pesado ao redor da aldeia. Também não era raro ele ter de suportar, calado, uma surra de chicote aplicada por todos da aldeia.

Depois de todo o sofrimento, um verdadeiro inferno, o rapaz, enfim, casava. Ia residir na casa do sogro para quem continuaria trabalhando. Na noite de núpcias outra desgraça ocorria - de madrugada, após certificarem-se que o casal dormia na rede, cortavam os esteios, dando um tombo nos recém-casados. Não faziam isso por brincadeira, acreditavam que com o susto evitavam que os filhos do jovem casal nascessem com rabos.

Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.
Soma tudo que o Brasil viveu. Nunca esteve tão ruim como está agora.

Quando um homem amava sua esposa com excessivo ardor era considerado adúltero.

George Bernard Shaw descreveu o casamento como uma instituição que mantém unidas duas pessoas "sob a influência da mais violenta, mais insensata, mais enganadora e mais transitória das paixões. Lhes é exigido que jurem que permanecerão continuamente nessa condição palpitante, anormal e esgotadora até que a morte os separe".

O comentário de Shaw foi divertido quando o autor o escreveu no começo do século passado e ainda hoje nos faz sorrir pois brinca com as expectativas pouco realistas que surgem de um ideal cultural defendido por muitos com fervor: o de que o casamento deve estar embasado no amor intenso e profundo e que um casal deve conservar o ardor até que a morte os separe. Mas durante milênios essa brincadeira de Shaw não teria surtido o menor efeito.

Durante a maior parte da história foi inconcebível que as pessoas escolhessem seus companheiros baseando-se no amor. As pessoas sempre se apaixonaram e em todas as épocas muitos casais se amaram profundamente. Mas raras vezes na história o amor foi considerado como a razão principal para o casamento. Pelo contrário, a ideia de casar por amor era uma ameaça à ordem social. Na antiga Índia, apaixonar-se antes do casamento era uma conduta considerada rebelde, antissocial. Os gregos acreditavam que o "mal de amar" era uma variante da loucura, uma opinião que se perpetuou até a época medieval. Os franceses definiam o amor como uma "bagunça do espírito" que só podia ser curado mantendo relações sexuais com a pessoa amada ou com outra pessoa.

Na China o amor excessivo entre esposo e esposa era considerado uma ameaça à solidariedade devida à família. Na língua chinesa, o mandarim, a palavra " amor" tradicionalmente não se aplicava aos sentimentos que podiam nascer entre um esposo e sua esposa. A palavra "amor" era utilizada para descrever uma relação ilícita, socialmente desaprovada. Na década de 1920, um grupo de intelectuais inventou uma nova palavra no mandarim para designar o amor entre cônjuges porque pensaram que uma ideia tão radicalmente nova exigia seu próprio vocábulo.

Na Europa, durante os séculos XII e XIII, entre os aristocratas, o adultério chegou a ser idealizado como a forma mais elevada de amor entre um homem e uma mulher. Durante séculos os nobres e os reis se enamoravam de uma cortesã e não de sua esposa com quem se casara por motivações políticas. Essa clara diferença entre amor e casamento também era habitual nas classes médias e entre os mais pobres.

Existiram alguns grupos que valorizaram o amor no casamento, mas a regra sempre foi que estes fossem mantidos sob estrito controle. Em muitas culturas a exibição pública do amor entre marido e mulher era tachada de vergonhosa. Um romano chegou a ser expulso do Senado por ter beijado sua esposa na frente da filha de ambos. Alguns filósofos gregos e romanos diziam inclusive que um homem que amasse sua esposa com excessivo ardor era um adúltero.
Muitos séculos depois, teólogos católicos e protestantes diziam que os maridos e esposas que se amassem demasiadamente estavam cometendo o pecado da idolatria. Na Europa do começo do século passado a maioria das pessoas ainda acreditava que o amor surgiria depois do casamento. O casamento por amor é uma ideia radical, extremada?

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