Sucesso: Tereza e Mandetta elogiados por Elio Gaspari
Não deveria, mas Elio Gaspari, precisa de uma apresentação mínima. Nascido em Nápoles, veio criança para o Brasil. Jornalista, dono dos maiores prêmios nacionais, também é autor de best-sellers como a série de cinco livros dedicados à mais profunda análise da ditadura militar. Só Gaspari teve acesso aos documentos pessoais dos generais Ernesto Geisel e Golberi do Couto e Silva. Uma façanha. Elio Gaspari, ao contrário da maioria de seus colegas jornalistas não é uma caneta (isso ainda existe?) vendida ao governante do momento. É um crítico de todos os governos, tenham a coloração ou ideologia à esquerda ou à direita.
Os ministros normais fazem sucesso.
Nesta quarta-feira, 04 de março, Tereza Cristina e Luiz Henrique Mandetta passam a ocupar o foco das atenções do país. Elio Gaspari escreveu uma coluna dedicada a ambos. Elogiosa. Gaspari, como sempre escreve, pesquisou a vida dos dois. Sabe que Tereza é oriunda de uma família que faz política em nosso Estado há décadas. Também sabe que Mandetta é membro da nova "oligarquia" dos Trad.
Gaspari os considera ministros "normais" em uma plêiade de ministros falastrões e de pouca (ou nenhuma) ação. Apresentam bons resultados.
O que Gaspari não sabe sobre Mandetta.
Gaspari, todavia, não sabe que Mandetta estava com as malas prontas para ir ocupar um cargo de menor envergadura na Organização Mundial de Saúde - OMS. Como um ministro "normal", não goza da simpatia dos três filhos do Bolsonaro, os príncipes da Monarquia que tentam instalar no país. Sua capacidade de acalmar a população no momento que o coronavírus bate à nossa porta, foi fundamental para que Mandetta não só permaneça no cargo de ministro, mas também receba aplausos e elogios de todos os lados, partidos e facções. Mandetta foi o secretário municipal de saúde que melhor soube combater a dengue em nossa capital. Esse tempo de aprendizagem, lhe permitiu agir rapidamente e obter (até agora) bons resultados. Mandetta tem falado muito, na hora certa e com argumentos sólidos.
E sobre Tereza.
Além do currículo familiar - que não lhe deu cargos e nem capacidades - Tereza foi diretamente responsável por trazer a nosso Estado em torno de umas mil novas indústrias. Uma façanha que não será repetida. A ministra conhece todos os caminhos do que há de melhor em nosso sistema industrial. Também é membro militante do clube dos fazendeiros brasileiros com melhor postura. Aqueles que apostam no que há de mais moderno em alta tecnologia. Ainda que parte dessa aposta seja em insumos agrícolas suspeitos. Mas não mantém um cabo de guerra com aqueles que Gaspari chama de "agrotrogloditas". Sabe conviver com nossos "pastores de barriga de vaca". Sem receio de estar causando uma impropriedade, Tereza é o verdadeiro "posto Ipiranga" do governo Bolsonaro. Sem ela, nossa economia teria retornado à recessão, causada por uma ideologia de adoração ineficaz aos deuses de Washington. Foi Tereza quem assegurou a continuidade do comercio com a China e com os países árabes. Se temos um pibinho 1,1% de crescimento, não menos da metade, é devido às suas eficazes ações. Tereza fala pouco, resolve como ninguém.
No palco com Hamlet.
Tereza e Mandetta colocam dúvidas hamletianas para Bolsonaro enfrentar. Ser ou não ser? Ser de extrema-direita, direita, centro-direita, monarquista... as variáveis estão presentes no cotidiano de Brasília. Aparentemente, o presidente pretende continuar ocupando todas as posições em seu campo de jogo. Assim agindo, não permite que outros ocupem um perfil que venha a abandonar. Ao contrário do que propagam, Bolsonaro não pode ser compartimentado em um só arco ideológico. É óbvio que o lado da extrema-direita não será doado a Moro. Mas Tereza e Mandetta levantam a importância do comedimento típico do centro-direitismo.
Na trincheira com estratégias.
Apostar em um governo com viés puramente ideológico ou técnico? Essa é a decisão estratégica a ser tomada. Bolsonaro conseguirá levar seu governo por mais dois anos e meio (até o período eleitoral) sem apresentar sucessos em áreas como a educação, meio ambiente e relações exteriores? Os falastrões que ocupam esses ministérios certamente não lhe trarão bons resultados. Seu flanco estará aberto para ataques do "poste lulista", do Ciro Gomes e de quem aparecer pelo centro puro. Um claro e inequívoco desperdício de votos.
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