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Finanças & Investimentos

Os escritórios vão acabar? Como ficam os investidores?

Por Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 06/06/2016 08:34

Manter um escritório é muito caro. Em Hong Kong, por exemplo, o aluguel de 1 metro quadrado custa em média R$ 600 ao mês. Se pensarmos que cada funcionário precisa de 11 metros quadrados, temos um custo de R$ 6.600 por funcionário por mês!Nas regiões mais caras do Brasil, falamos de preços médios de até R$ 275 por metro quadrado, o que levaria a um alto custo, de incríveis R$ 3.025 mensais por funcionário, somente com aluguel.

Com um custo tão alto, será que as empresas pensam em alternativas que acabem com a necessidade de escritórios? E como ficam os investidores em imóveis comerciais?Já existem softwares que podem ser instalados em laptops que permitem um monitoramento de um funcionário que trabalhe de casa (ou do Starbucks). O empregador pode monitorar horários e tarefas realizadas.Há também ferramentas populares de comunicação via vídeo, como o Skype e o Hangout do Google, que possibilitam a conexão imediata a qualquer um que tenha um smartphone ou computador.

É inegável, porém, que esse modelo de comunicação fica longe do ideal para equipes que estão envolvidas em atividades mais complexas e precisam de interação constante. Se você precisa marcar um Skype ou mandar um e-mail para resolver pequenas questões frequentemente, a presença virtual é contraproducente.Imagine uma mesa de operações no mercado financeiro em que os operadores precisam trocar informações a cada minuto, por exemplo. Ou nos casos em que diretores de uma empresa que trabalham numa sala aberta, na qual ficam trocando ideias sobre negócios que estão sendo desenvolvidos o dia inteiro.

Além dessa necessidade de comunicação imediata, existe um valor nas interações espontâneas que acontecem no cafezinho, nos corredores, nas salas de reunião ou no bebedouro. Muitas ideias e negócios ocorrem nesses momentos.Por último, existe a questão de maturidade e disciplina de funcionários que trabalham fora do escritório e podem se perder no gerenciamento de tempo, perdendo o foco e dando prioridade para questões caseiras, sem que o chefe tenha ideia do que está acontecendo.

A segunda tendência que contribui para a redução da demanda de espaço em escritórios é o mercado freelance . São pessoas que recebem contratos para realizar determinada tarefa, sem manter vínculo empregatício. Com o encerramento da tarefa, acaba o relacionamento com o contratante.A economia freelance tem crescido no mundo inteiro, porém, ainda parece estar muito restrita a negócios ligados à internet, área que naturalmente mais se encaixa. Uma pesquisa feita pela Prolancer indica que 36% de seus clientes são designers gráficos e 29%, programadores web. Ainda é um mercado de nicho. Uma mudança cultural mais profunda, espalhando esse tipo de prática para outros setores está longe de acontecer no Brasil.

Você não tem direito a uma mesa fixa se trabalhar em uma empresa do Grupo Semco, de Ricardo Semler. E você encontra a mesma situação em algumas unidades da Unilever, General Eletric, Votorantim Cimentos e Jones Lang LaSalle. Acontece que os funcionários dessas empresas viajam muito, estão constantemente visitando clientes e fornecedores ou trabalham alguns dias da semana em suas casas, deixando mesas vazias por muito tempo. E espaço vazio é muito caro.
Essas empresas resolveram que ninguém teria mesa fixa. Cada um recebe um armário para guardar suas coisas e tem de procurar uma mesa no começo do dia. Assim, a necessidade de espaço é reduzida em 20% ou 30%. Acredite, é um bom dinheiro no fim do mês. De todas as tendências, essa me parece a mais real e factível de todas e que irá efetivamente impactar a necessidade de espaço no mercado brasileiro.

Não me surpreenderia ver movimentos de consolidação de escritórios de empresas usando esse artifício. O azar será daquele funcionário que sempre aparece no escritório e pode ficar muito chateado em ter de levantar acampamento todo fim de dia. Para as empresas, parece ser um preço pequeno a se pagar; porém, esse é mais um modelo que não mata escritórios, apenas diminui a necessidade de espaço.

Não há no radar nenhum tipo de tecnologia ou mudança cultural que nos leve a acreditar que a necessidade de escritórios acabará no futuro. As interações pessoais ainda têm muito valor e as empresas estão pensando apenas em maximização de utilização de espaços e não de sua eliminação por completo.Investidores em escritórios, vocês podem respirar aliviados. Abraços e até a próxima!

Fonte: Márcio Fenelon, especialista em Imóveis, do canal Criando Riqueza.
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(*) Emanuel Gutierrez Steffen é criador do portal www.mayel.com.br

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