Grupo de Trabalho une forças para combater feminicídios
Dados recentes do Mapa da Segurança Pública e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revelam números alarmantes: em 2024, quase 1.500 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil — uma média de quatro por dia. As tentativas chegaram a quase 3.900 casos.
Não podemos normalizar uma cultura que encara a violência contra a mulher como algo natural. O feminicídio é a face mais extrema de um ciclo de agressões: o desfecho letal de um histórico de dor e violência que, muitas vezes, poderia ter sido interrompido.
A maioria das vítimas está em situação de vulnerabilidade social, são jovens e negras. Em grande parte dos casos, o crime acontece dentro de casa, e o autor é o companheiro ou ex-companheiro. Armas de fogo e, principalmente, armas brancas — como facas — são os instrumentos mais utilizados. Esse último dado é revelador: objetos comuns do ambiente doméstico tornam-se instrumentos de ódio e brutalidade, transformando o lar — que deveria ser um espaço de segurança, afeto e acolhimento — em cenário de medo e morte.
Em Mato Grosso do Sul, o quadro é especialmente preocupante: o Estado ocupa o 4º lugar no ranking de aumento percentual de vítimas em relação a 2023, e Campo Grande é o 5º município do país com maior número de casos em 2024. Somente neste ano, já foram registrados 22 feminicídios no Estado, um deles vitimando também um bebê.
Para enfrentar esse problema, o Grupo de Trabalho formado pelo Governo do Estado, Ministério Público, Poder Judiciário, Defensoria Pública e Prefeitura de Campo Grande vem implementando diversas ações — que detalharei oportunamente.
Enfrentar o feminicídio exige um olhar diferenciado, sobretudo na segurança pública. É indispensável total transparência na formulação de políticas preventivas, com definição clara do público-alvo, para que a sociedade se conscientize e reaja contra a permissividade cultural que ainda legitima a violência masculina contra mulheres.