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Economia

Ceasa se adapta à pandemia com máscara, menos clientes e preços elevados

Produtos chegam a custar até 60% a mais, mas local continua abastecido e movimentado

Izabela Sanchez e Clayton Neves | 24/03/2020 07:57
Muitos sacos vermelhos e màscara no vendedor: adaptação do Ceasa em tempos de pandemia (Marcos Maluf)
Muitos sacos vermelhos e màscara no vendedor: adaptação do Ceasa em tempos de pandemia (Marcos Maluf)

Entre a histeria da estocagem que desabastece mercados e a desaceleração da economia que diminui a produção das commodities e coloca o dólar nas alturas, o Ceasa/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) se adapta à época de pandemia e incertezas. Mas tudo segue, por ali, colorido e farto, na manhã desta terça-feira (24), em mais um dia de quarentena em Campo Grande.

A maioria dos produtos trazidos até o Ceasa por esses comerciantes vem do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), onde o movimento caiu até 60%, conforme reportagem da Folha de São Paulo. Em Campo Grande, não há medo de desabastecimento entre quem começa o dia às 4h30 para alimentar a cidade, mas há incertezas sobre o futuro do planeta.

Nesta terça, conforme relataram ao Campo Grande News alguns comerciantes, preços se elevam em até 60%, mas a clientela está reduzida, praticamente, aos mercados e supermercados, que ficam de fora da quarentena por serem considerados serviços essenciais.

Tomates descen a ladeira do caminhão em direção às caixas que depois chegam aos mercados (Foto: Marcos Maluf)
Tomates descen a ladeira do caminhão em direção às caixas que depois chegam aos mercados (Foto: Marcos Maluf)

Por volta das 6h30, a máquina do Ceasa já reduz o movimento, mas o fluxo de caminhões ainda é constante. Se não fossem as máscaras, as luvas e o passa-passa de álcool em gel nas mãos, tudo parece muito normal no grande abastecedor da cidade. Para garantir que essa rotina de proteção siga firme, os seguranças distribuem panfletos da SES (Secretaria Estadual de Saúde) com normas de higiene.

O comerciante Mauro Gimenez, 52, afirma que, até agora, além dos preços elevados, a pandemia de coronavírus em nada influenciou. “Eu também converso com outros comerciantes, todos estão falando que não tem problema e ninguém fala em falta. O que pesou foi o preço. Tenho uma banca e para mim aumentou entre 50 e 60%”, disse.

Se vai aumentar ainda mais ele não sabe, mais sabe do que depende: a demanda. “Foi uma grande correria nos supermercados, que vêm procurar mais produtos e consequentemente aumenta o valor, mas acredito que vai acalmar nos próximos dias”, opina.

De máscara, Ademir diz não se lembrar de um momento assim (Foto: Marcos Maluf)
De máscara, Ademir diz não se lembrar de um momento assim (Foto: Marcos Maluf)

Para o comerciante que trabalha há 12 anos no Ceasa, “não há nada parecido”. “Tanto como consumidor quanto empresário, ficamos com medo porque é um período de incerteza grande, ninguém sabe o que vai acontecer”, adianta.

Para Ademir Rodrigues, 56, que fornece produtos há 28 anos, o abastecimento também parece normal com exceção dos valores. “Aumentou a procura nos últimos dias, 20% a mais, tanto na movimentação de empresários como pessoas que vem direto ao Ceasa comprar”, diz.

“ Os valores aumentaram, 10%”, e exibe a banca onde o verde do chuchu e o roxo da batata doce chamam a atenção.

“É um momento horrível, por mais que nós do ramo alimentício estejamos trabalhando, isso é muito ruim pra economia. É um momento de crise, não me lembro de um momento assim”, disse Ademir, que fez alusão apenas à greve dos caminhoneiros em 2018.

“Fora isso, é um momento atípico”, pontua. Acostumado às intempéries de um trabalho de longa data, emenda: “jajá acalma, volta o fluxo de compradores, volta ao normal”, garante.

Para o fornecedor e vendedor de frutas e legumes, Carlos Renato, 35, há garantia de que comida não vai faltar.

“Não vai faltar, está normal, consegui manter o valor, a única coisa que teve alteração foi produtos importados, pêssego, ameixa, kiwi, alho, que sofreram alteração pelo dólar com a variação cambial”, explica.

Caixas e mais caixas e álcool em gel (Foto: Marcos Maluf)
Caixas e mais caixas e álcool em gel (Foto: Marcos Maluf)

Carlos também disse sofrer com a redução de clientes, já que bares, restaurantes e docerias também representam boa parte das vendas desse comerciante. “Senti aumento da procura, mas acredito que diminuiu e a tendência é reduzir, as pessoas vão ficando sem dinheiro, vai faltar dinheiro e vai diminuir isso”, adianta.

“É um momento de apreensão, tanto pra saúde quanto pra economia, e isso está gerando e vai gerar impacto grande no país”, avalia Carlos.

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