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Economia

Chuva é ameaça real e compromete 50% da safra de soja estadual

Caroline Maldonado | 14/01/2016 12:45
Aprosoja lançou hoje a colheita de soja em MS (Foto: Caroline Maldonado)
Aprosoja lançou hoje a colheita de soja em MS (Foto: Caroline Maldonado)

Os próximos dez dias são decisivos para produtores de mais da metade da área total de soja em Mato Grosso do Sul. Se as chuvas, que já colocaram 26 municípios em situação de emergência, não derem trégua, a safra 2015/16 pode ir de recorde a números negativos. A colheita já começou, mas 1,37 milhão de hectares estão comprometidos, o que corresponde a 56% do total.

Nessas áreas, as chuvas intensificaram as doenças na lavoura e os produtores têm que gastar mais com fungicidas e maquinário para espalhar o produto, mas como o solo está molhado, o barro faz as máquinas atolarem. O jeito é esperar que as chuvas parem nos próximos dias e se preparar para grandes dificuldades no escoamento, pois 90 pontes foram destruídas no Estado, nas últimas semanas. O índice de comprometimento da produção varia entre 5% e 25%

“Foi feito um excelente trabalho, os produtores investiram em tecnologia e manejo, aumentaram a área e por isso, temos projeção de safra recorde de 7,2 milhões de toneladas, o que significa 4,1% a mais do que o colhido no ciclo anterior. Agora, os agricultores estão dispostos a ajudar o governo na reconstrução das pontes, disponibilizando maquinário, mas a estimativa pode mudar e termos resultado inferior, se não abrir uma janela de chuva”, disse o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), Christiano Botolotto.

Durante o lançamento oficial da colheita de soja 2015/16 hoje (14), na sede da Famasul, representantes de entidades ligadas a agricultura comentaram as principais dificuldades enfrentadas. O secretário de Produção e Agricultura Familiar, Fernando Lamas, falou sobre os entraves no escoamento dos grãos.

“A questão da melhoria nas estradas é uma solicitação frequente do setor e um desafio para o Governo do Estado, que está com frentes de trabalho para recuperar essas vias, mas a maioria não pode trabalhar por causa da chuva, porém estão de prontidão”, disse o secretário, ao destacar que a intenção do governo é concentrar os esforços em soluções definitivas e não paliativas.

Estradas podem comprometer significativamente o escoamento da produção, segundo o presidente da Aprosoja, Christiano Botolotto (Foto: Caroline Maldonado)
Estradas podem comprometer significativamente o escoamento da produção, segundo o presidente da Aprosoja, Christiano Botolotto (Foto: Caroline Maldonado)

Segundo a Granos Corretora, 43% da safra atual já foi comercializada, o que corresponde a 2,69 milhões de toneladas vendidas antes mesmo de serem colhidas. No ciclo anterior, apenas 25% estavam vendidos antecipadamente.

Custos - Apesar de controlada em MS, a ferrugem asiática voltou a preocupar os sojicultores. Segundo o Consórcio Antiferrugem, já são 18 casos da doença no Estado, o que significa 8 casos a mais do que o constatado no mesmo período do ano passado.

“É preciso fazer o controle da ferrugem, que pode ganhar força com a umidade relativa do ar e também com a antracnose, doença causada por fungos que provocam manchas escuras e apodrecem as plantas”, alertou o analista de grãos da Aprosoja, Leonardo Carlotto. Apesar de a ferrugem causar danos em maiores proporções, a antracnose também preocupa porque não tem um controle em MS.

Com tantas ameaças em função das chuvas, intensas neste verão por conta do fenômeno El Niño, os produtores já contabilizam aumento de 14% nos custos da produção e se preparam para acréscimo de 6% nas próximas semanas, em que o milho é plantado logo atrás da colheita da soja, segundo dados da Famasul. “Além disso, o custo de produção pode chegar a ter acréscimo de até 21% nesta safra, porque tem que aumentar a aplicação de fungicida”, detalhou o presidente da Aprosoja.

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