Com chegada de grandes da construção, desafio é encontrar mão de obra na Capital
Cenário de escassez de trabalhadores, de acordo com incorporadoras, impacta nos prazos, custos e produtividade
A chegada de novos empreendimentos em Campo Grande, no setor de construção civil, aumentou o ritmo das obras. Até o fim de 2025, pelo menos 20 grandes empresas do setor de construção devem ter projetos em andamento na cidade. No entanto, devido à falta de mão de obra qualificada, o setor enfrenta dificuldades para suprir as vagas pendentes e a consequência pode ser o atraso nos cronogramas, alegam as empresas.
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A construção civil em Campo Grande enfrenta um paradoxo: enquanto há abundância de vagas de emprego devido à chegada de novas incorporadoras, existe escassez de mão de obra qualificada. O setor experimenta forte crescimento, com aproximadamente 17 empresas atuando na capital e perspectiva de novas chegadas. Para enfrentar o desafio, empresas como LG2, HVM e Plaenge adotam estratégias diversas, incluindo melhores condições de trabalho e programas de capacitação. O Sintracom confirma o cenário de pleno emprego no setor, mas alerta para a necessidade de investimentos governamentais em qualificação profissional para evitar atrasos nas obras.
Com os novos lançamentos de construção e comercialização de empreendimentos, as incorporadoras de Campo Grande buscam contratar funcionários para exercer diversas funções no ramo da construção civil.
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Em entrevista ao Campo Grande News, o CEO da incorporadora LG2, Lucas Merquides, confirmou o desafio enfrentado pelas empresas do setor para contratar novos funcionários.
“De fato, percebemos um movimento muito forte de crescimento no setor da construção civil em Campo Grande. Com o aumento no número de incorporadoras e obras em andamento, o mercado começa a sentir os efeitos da escassez de mão de obra qualificada, principalmente em funções operacionais”, declarou.
"Na LG2, temos buscado alternativas para minimizar esse impacto, como investir em cronogramas mais eficientes e valorizar os profissionais que estão conosco. Mas o desafio é real: hoje, em determinadas etapas da obra, o gargalo de profissionais disponíveis é notável. Isso mostra como o crescimento do setor precisa estar alinhado com políticas de formação e valorização da mão de obra local", analisou Merquides.
O diretor de Engenharia da HVM Incorporadora, Ricardo Toscani, também enfatizou o problema nacional da falta de mão de obra.
"A escassez de mão de obra qualificada na construção civil tem se tornado um desafio em todo o país, e Campo Grande não está fora dessa realidade. Uma das principais causas desse cenário é a baixa renovação de profissionais no mercado. A entrada de novos trabalhadores na área não acompanha a demanda crescente, enquanto muitos profissionais experientes deixam de atuar, seja por aposentadoria ou mudança de carreira, especialmente em função da idade. O resultado é um desequilíbrio que afeta toda a cadeia produtiva da construção", explicou Toscani.
De acordo com Ricardo, a HVM Incorporadora vem adotando medidas estratégicas para mitigar os riscos relacionados à falta de mão de obra. Entre as soluções estão o investimento na atração de profissionais por meio de melhores condições de trabalho e a elevação da produtividade de suas obras, utilizando sistemas construtivos racionalizados.
Apesar de ser a mais tradicional da região, até a Plaenge sofre com a escassez de trabalhadores. Na verdade, por anos nunca teve problemas nesse sentido, mas com a chegada de mais concorrentes a empresa sente os efeitos do mercado aquecido. A diretora Valéria Gabas, da Unidade de Negócios da Plaenge em Campo Grande, diz que o jeito foi inovar para minimizar o impacto da falta de mão de obra no setor.
"Uma das iniciativas é o Elas Constroem, um projeto da CBIC (Câmara Brasileira da Industria da Construção) em parceria com o SENAI que visa ampliar o número de mulheres na construção civil. Iniciamos no dia 02/08 esse projeto em Campo Grande, com 75 alunos para os cursos de Revestimento Cerâmico, Pintura e Operadora de Bobcat. E novas turmas já estão sendo formadas. Hoje, as mulheres representam 15% dos trabalhadores em canteiros de obras do grupo e vemos um grande potencial para aumentar essa presença", declarou.
Uma novidade para a Plaenge nos últimos tempos é abrir seleção pública. Em parceria com o Sintracom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil), está organizando um feirão de emprego onde serão ofertadas 50 vagas para contratação.
O feirão acontecerá na próxima terça-feira (19 de agosto), das 08h às 16h, na sede do Sintracom (Rua Maracaju, 878 - Centro). De acordo com a empresa, entre as vagas oferecidas, o feirão busca contratar funcionários para exercer funções de auxiliar de produção, pedreiro, carpinteiro e encarregado de obras.
Hoje, 17 grandes incorporadoras estão presentes na capital e pelo menos outras três ainda devem se estabelecer na cidade até dezembro.
Impactos – O presidente do Sintracom, José Abelha, reforça que o aquecimento não é registrado só na Capital. "Com a chegada de muitos lançamentos novos de empreendimentos que estão acontecendo, Campo Grande se tornou um canteiro de obras. Hoje, a Capital e o Mato Grosso do Sul estão em pleno emprego", afirmou.
Segundo a entidade, quem quer trabalhar, tendo a qualificação necessária, consegue emprego atualmente. No entanto, para funções que exigem qualificações específicas, a falta de candidatos tem refletido no andamento das obras da construção civil.
"É preciso qualificar pessoas para poder trabalhar, porque as empresas não estão encontrando no mercado. Muitas vezes as vagas ficam pendentes, até mesmo a obra atrasa devido à falta de mão de obra qualificada. O governo estadual e municipal têm que investir nisso e estar alerta para a qualificação desse pessoal, para que não falte mão de obra tanto em Campo Grande quanto no interior do estado", finalizou José Abelha.