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Economia

Hidrovia do Paraguai amplia navegação e MS escoa 1,4 milhão de toneladas

Nível do Rio Paraguai passou de 2 metros em Ladário e de 3 metros em Porto Murtinho

Adriel Mattos | 17/06/2022 07:58
Hidrovia teve aumento na navegabilidade na região de Porto Murtinho (Foto: Toninho Ruiz)
Hidrovia teve aumento na navegabilidade na região de Porto Murtinho (Foto: Toninho Ruiz)

O aumento do nível do Rio Paraguai fez aumentar a navegação na hidrovia e, consequentemente, uma movimentação de 1,4 milhão de toneladas de cargas pelos portos de Mato Grosso do Sul no primeiro quadrimestre, segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). No início desta semana, o nível chegou a 3,1 metros.

O destaque foi o minério de ferro com 1,3 milhão de toneladas, seguido por sementes e outros grãos e ferro fundido. O volume ainda é inferior ao ano passado em torno de 10%, mas já sinaliza uma melhora nas condições da via de escoamento.

O minério de ferro liderou em termos de mercadorias na pauta de exportações do Estado pela hidrovia. No início deste mês uma nova empresa de mineração de Corumbá, a MPP (Mineração Pirâmide e Participações) realizou suas exportações para a Europa pelo porto da Granel Química, em Ladário, onde é intensa a movimentação diuturna de máquinas e caminhões.

Os carregamentos estão sendo acelerados para aproveitar o nível navegável do Rio Paraguai previsto para até o mês de setembro. Dois comboios de barcaças transportam 60 mil toneladas mensalmente em direção aos terminais argentinos e uruguaios, onde é feito o translado.

Importância – Para Jaime Verruck, secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, a hidrovia é um canal fundamental e estratégico na logística de Mato Grosso do Sul.

“Para a Bolívia a hidrovia garante todo o fluxo de exportação e importação de Santa Cruz de La Sierra. Já em Corumbá, após os problemas do ano passado, nós sentimos uma retomada no transporte. Se formos olhar, lá em 2015 a 2016 criamos um programa para estimular a construção de novos portos dentro do Programa de Apoio à Exportação pela hidrovia do Paraguai. Se formos observar os sistemas, Mato Grosso do Sul tem esta disponibilização de transporte de Corumbá até Nueva Palmira na Argentina. Além do apelo turístico. Estamos falando aqui principalmente de transporte”, declarou.

A hidrovia sempre foi uma opção de transporte de peso no Estado e com tendência de crescimento das exportações. “Temos que atender a Argentina para onde exportamos soja até Nueva Palmira e ainda outros mercados internacionais. Hoje a Argentina é nossa 3ª ou 4ª parceira comercial”, pontuou o secretário.

Em Porto Murtinho, a FV Cereais confirma a tendência de aumento no escoamento de grãos pela hidrovia. Segundo o gerente de operações portuárias Genivaldo Santos, neste ano a empresa retomou as exportações de grãos pela hidrovia. Desde abril foram 171.468 toneladas de grãos.

Terminal da FV Cereais, em Porto Murtinho. (Foto: Chico Ribeiro/Arquivo/Subcom-MS)
Terminal da FV Cereais, em Porto Murtinho. (Foto: Chico Ribeiro/Arquivo/Subcom-MS)

Investimentos – Verruck destacou que diante do aumento no transporte os terminais portuários estão fazendo investimentos.

“Temos em Ladário, a Granel Química que está ampliando sua capacidade, com o crescimento no volume de cargas. São mais de R$ 100 milhões em investimentos já apresentados ao Governo do Estado, diante do avanço da mineração em Corumbá. Já temos duas mineradoras operando e agora mais duas iniciaram a operação. Temos quatro mineradoras usando a hidrovia”, lembrou.

“Na pecuária também teremos investimento no transporte de gado. Ladário assumiu recentemente um porto da União para embarque e desembarque de gado. Isso está sendo debatido com o Sindicato Rural de Corumbá”, complementou.

Já em Porto Esperança, o secretário lembra da ligação com a ferrovia. “No Porto Esperança a operação ferroviária está conectada. E finalmente em Porto Murtinho, os terminais bateram recorde de exportação este ano e são mais voltados para a soja”, destacou.

Desafios – Entre os desafios para melhorar a navegabilidade, o secretário cita a necessidade de se fazer duas curvas entre Corumbá e Porto Murtinho. “Há anos estamos debatendo esta dragagem que facilitaria a navegação pela hidrovia. Precisamos ainda trabalhar com balizamento da hidrovia. Isso é uma discussão antiga que iria melhorar a hidrovia, principalmente nas operações noturnas”, citou Verruck.

Volume de grãos em Murtinho ficou em 171,4 mil toneladas. (Foto: Divulgação/FV Cereais)
Volume de grãos em Murtinho ficou em 171,4 mil toneladas. (Foto: Divulgação/FV Cereais)

Além das medidas estruturais, o secretário frisou a importância de se trabalhar na proteção das nascentes dos rios que desaguam na hidrovia. “São investimentos necessários para potencializar a hidrovia. Temos que fazer um trabalho nas nascentes dos rios que desembocam para ter volume de água. Isso é fundamental na gestão dos recursos hídricos para atividade que é secular. A hidrovia é estratégica para MS e permite os acessos aos portos internacionais”, salientou.

A hidrovia ainda tem vantagem de custo competitivo. “Numa relação de custo inicial de rodovia, ferrovia e depois hidrovia, a última tem vantagem. Além disso, na hidrovia, a capacidade de carga é elevada e o custo menor”, adiantou.

O secretário ainda destacou que as empresas têm investido em novos equipamentos mais modernos que trafegam nas hidrovias. “São novos rebocadores e novas barcaças para usar em período de águas baixas. Ou seja, um investimento massivo em novos equipamentos”, afirmou Verruck.

De acordo com boletim da Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), no dia 14, o nível do Rio Paraguai em Ladário estava em 2,53 metros, em Porto Esperança em 1,82 metro e em Porto Murtinho chegou a 3,13 metros.

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