Mais de 140 mil pessoas podem terminar o ano com dinheiro esquecido no banco

Mais de 141 mil trabalhadores brasileiros ainda não retiraram o abono salarial a que têm direito. Juntos, esses valores somam R$ 145,7 milhões e podem ser sacados até 29 de dezembro, prazo final do calendário de pagamentos de 2025.

O dado foi divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta segunda-feira (22). Caso o trabalhador não retire o benefício até a data limite, o valor não é perdido, mas só poderá ser acessado em uma convocação futura específica do governo, sem data definida.

No calendário deste ano, 26,5 milhões de pessoas tinham direito ao abono salarial, referente ao ano-base de 2023. Desse total, 99,47% já receberam o pagamento. Os 141,6 mil que ainda não sacaram representam uma minoria, mas concentram um volume expressivo de recursos que seguem parados.

O montante pago até agora ultrapassa R$ 30,7 bilhões. Além do ano-base de 2023, o calendário também contempla revisões de pagamentos referentes aos cinco anos anteriores.

Quem tem direito ao benefício

O abono salarial é voltado a trabalhadores de baixa renda. Para ter direito, é necessário cumprir quatro condições principais: estar inscrito no PIS ou Pasep há pelo menos cinco anos; ter recebido, em média, até dois salários mínimos por mês no ano-base; ter trabalhado ao menos 30 dias no período, consecutivos ou não; e ter os dados corretamente informados pelo empregador nos sistemas oficiais do governo.

Na prática, falhas no envio dessas informações costumam ser um dos principais motivos para atrasos ou dificuldades no pagamento.

A consulta pode ser feita de forma digital, a partir do dia 5 de cada mês, pela Carteira de Trabalho Digital ou pelo portal Gov.br. Trabalhadores que entraram com recurso administrativo recebem o pagamento no dia 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil seguinte, caso a data caia em fim de semana ou feriado.

Onde e como sacar o abono

O pagamento é feito por dois bancos públicos, conforme o vínculo do trabalhador. Quem recebe pela Caixa Econômica Federal pode ter o valor creditado diretamente em conta corrente, poupança ou conta digital do aplicativo Caixa Tem. Também é possível sacar em agências, lotéricas e caixas eletrônicos.

No Banco do Brasil, o pagamento pode ser feito por crédito em conta, transferência via Pix ou TED. Trabalhadores sem conta também podem sacar presencialmente nas agências.

Para 2026, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador já aprovou a liberação de R$ 33,5 bilhões para o pagamento do abono salarial a cerca de 26,9 milhões de trabalhadores. O início do próximo calendário está previsto para 15 de fevereiro.

O abono salarial funciona como uma renda extra anual para milhões de trabalhadores que ganham menos. Quando o dinheiro não é sacado, ele deixa de cumprir seu papel de aliviar o orçamento familiar e estimular a economia local. Em um cenário de pressão sobre o custo de vida, valores aparentemente pequenos no orçamento federal fazem diferença concreta no bolso de quem depende deles.