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Economia

Na hora de ir à Bolívia, turistas alertam sobre diferentes preços da gasolina

Para residentes, preço da gasolina por litro no país é de 3,74 bolivianos, mas turistas pagam 8,68 bolivianos

Por Mylena Fraiha | 11/11/2023 10:56
Posto de gasolina na Bolívia, que não possuía gasolina para estrangeiros (Foto: Arquivo pessoal)
Posto de gasolina na Bolívia, que não possuía gasolina para estrangeiros (Foto: Arquivo pessoal)

Turistas brasileiros que decidem explorar a Bolívia pelas estradas precisam estar atentos às regras do país, especialmente, na hora de abastecer. De acordo com turistas mais experientes, uma das principais dificuldades enfrentadas é encontrar a gasolina vendida aos estrangeiros nos postos de combustível bolivianos.

Além disso, nas estações de petróleo autorizadas, onde os turistas podem abastecer, os preços são mais elevados. Atualmente, o preço da gasolina na Bolívia é de 3,74 bolivianos o litro (o equivalente a R$ 2,66), enquanto o valor médio da gasolina vendida para estrangeiros é de 8,68 bolivianos por litro (R$ 6,16), de acordo com a ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos), vinculada ao Ministério de Hidrocarburos y Energia do país vizinho.

Na Bolívia, o abastecimento de combustíveis é considerado um serviço público, com o Estado desempenhando um papel central em sua produção, transporte, refino, armazenagem, distribuição, comercialização e industrialização. Essa responsabilidade recai sobre o Ministério de Hidrocarburos y Energia, que edita as normas regulamentares que orientam o setor.

Em 2008, a Bolívia se destacava por seus preços de combustíveis significativamente mais baixos em comparação aos praticados nos países vizinhos, como Peru, Chile, Argentina e Brasil. Esse cenário acabou sendo favorável para a atividade de contrabando de combustível por pessoas físicas e jurídicas residentes nas nações vizinhas, incluindo o Brasil.

Diante desse desafio, o governo boliviano decidiu estabelecer preços diferenciados para veículos com placas estrangeiras. O presidente Evo Morales, por meio do Decreto Supremo n° 29.814, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2009, regulou a venda de combustíveis para estrangeiros. Esse decreto estabeleceu as condições para a comercialização da Gasolina Especial Internacional e do Óleo Diesel Internacional.

Essas medidas visavam garantir um equilíbrio entre a oferta de combustíveis aos cidadãos bolivianos e a necessidade de conter o contrabando prejudicial à economia do país. Embora tenha sido implementado há 14 anos, o decreto continua sendo uma parte fundamental da política de abastecimento de combustíveis na Bolívia.

Dificuldade - Essa diferença significativa no preço coloca um peso adicional nas despesas dos turistas brasileiros que exploram o país vizinho de carro e motocicleta. O empresário José Thomaz Filho, de 60 anos, mais conhecido como “Zezo”, foi um dos turistas brasileiros que enfrentou essas dificuldades em sua viagem de motocicleta pela Bolívia, ocorrida entre 29 de setembro e 4 de outubro deste ano.

Acompanhado de oito casais brasileiros, Zezo relatou que o grupo teve dificuldade de localizar postos de combustível que oferecessem gasolina para estrangeiros, e quando conseguiam encontrar, os preços eram notavelmente mais elevados.

“Isso aconteceu com a gente praticamente no país inteiro. Quando saíamos em viagem, nós procurávamos os postos pelo mapa, mas era difícil encontrar. Eram dois postos que ofereciam a gasolina internacional, era 8,70 que era a gasolina internacional. Chegamos a pagar em torno de 10”, relata.

Zezo e grupo de motociclistas brasileiros em estrada boliviana (Foto: Arquivo pessoal)
Zezo e grupo de motociclistas brasileiros em estrada boliviana (Foto: Arquivo pessoal)

Para Zezo, essas restrições têm um impacto significativo no setor de turismo na Bolívia, tornando a viagem mais dispendiosa e desafiadora para os visitantes. “Alguns lugares não tinha nem esse tipo de gasolina e a gente não podia nem ficar dentro do posto que não vendia a gasolina estrangeira. Ficamos pensando em como é complicado para o turista simplesmente transitar pelo país. Como fica o setor de turismo na Bolívia?”

Além disso, o empresário reclama da falta de informação clara e precisa sobre os requisitos de documentação e abastecimento dificulta a experiência dos turistas que desejam explorar o país. “Até então não sabíamos disso, que havia uma gasolina diferente para estrangeiro. Só fomos descobrir depois e durante do trajeto, eram poucos postos com essa gasolina internacional”.

Zezo e grupo de motoqueiros brasileiros durante viagem nas estradas da Bolívia (Foto: Arquivo pessoal)
Zezo e grupo de motoqueiros brasileiros durante viagem nas estradas da Bolívia (Foto: Arquivo pessoal)

A reportagem entrou em contato com a estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) e com a ANH, para saber o número de postos que oferecem a Gasolina Especial Internacional e saber se há planos de expandir o número pelo território nacional. Entretanto, até o fechamento desta matéria, não obteve resposta. O espaço segue aberto.

O que precisa para viajar - Para evitar problemas durante a viagem à Bolívia, o Ministério das Relações Exteriores aconselha os turistas brasileiros a se informar sobre os regulamentos locais.

Além de considerar alternativas de abastecimento antes de partir, a documentação necessária para viajar para a Bolívia com um veículo de placa brasileira também deve ser uma preocupação para os visitantes.

Conforme divulga o Ministério das Relações Exteriores, o condutor deve ser o proprietário do veículo ou estar acompanhado pelo proprietário e deve possuir uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na versão impressa ou a Permissão Internacional para Dirigir, que pode ser solicitada no Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do Estado de origem.

Além disso, o ministério reforça em seu site que é crucial verificar se a carteira de habilitação está válida, uma vez que muitos visitantes descobrem que seus documentos estão expirados ao chegar à Bolívia.

Outro requisito é o seguro internacional contra terceiros, obrigatório para veículos registrados no Brasil que estejam em viagem nos países do Mercosul. A Bolívia aderiu ao Mercosul em 2015, e os visitantes devem garantir que possuam esse seguro para cobrir danos pessoais e materiais causados a terceiros não transportados pelo veículo assegurado.

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