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Economia

Preço de corridas por aplicativo dispara e vira o grande vilão da inflação

Motoristas reclamam que repasses não acompanham a alta e passageiros já evitam usar o serviço

Por Gabi Cenciarelli | 28/07/2025 16:15
Preço de corridas por aplicativo dispara e vira o grande vilão da inflação
Motorista de aplicativo em corrida (Foto: Henrique Kawaminami)

As corridas por aplicativo acumulam alta de 44,49% nos últimos 12 meses no Brasil, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE. A inflação do setor acelerou com força em junho de 2025, passando de 5% em maio para 13,77% no mês seguinte, a maior variação mensal desde julho de 2022.

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Preço das corridas de aplicativo dispara e inflaciona o bolso do consumidor. Segundo o IBGE, houve alta de 44,49% nos últimos 12 meses, com a maior variação mensal (13,77%) ocorrendo em junho de 2025. O aumento impacta diretamente usuários, que relatam corridas triplicando de preço. Motoristas, por outro lado, afirmam que seus ganhos não acompanham a alta. Acusam as plataformas de reter grande parte do valor pago pelos passageiros, mesmo em horários de pico. Usuários relatam mudanças de hábito para economizar, optando por alternativas como mototáxi, mesmo com riscos à segurança.

A disparada no preço transforma o transporte por aplicativo em um dos principais vilões da inflação atual, atrás apenas do café moído, que subiu 77,88% no mesmo período. Para quem depende do serviço, o impacto é imediato: corridas que antes custavam menos de R$ 10 hoje chegam a quase o triplo, sem que o repasse ao motorista acompanhe essa alta.

A professora Marilene dos Santos César, de 52 anos, sentiu no bolso a diferença. Ela conta que, antes, uma corrida do Centro até o Jardim Petrópolis saía por R$ 10 ou R$ 12. Agora, no horário de pico, o valor chega a R$ 25. “O que eu gastava R$ 300 no mês, agora virou R$ 600”, compara. Marilene já começou a calcular se vale mais a pena manter uma moto em casa. “Hoje compensa até ir atrás de um carro, porque com o valor da corrida dava para encher um tanque.”

Preço de corridas por aplicativo dispara e vira o grande vilão da inflação
Ingrid Angélico em entrevista com o Campo Grande News (Foto: Henrique Kawaminami)

A doméstica Marli Fernandes, de 57 anos, também mudou os hábitos por causa do preço. Usuária regular do aplicativo, ela diz que já deixou de sair aos domingos à noite por causa do valor. “Está um absurdo. Se abaixasse um pouco, a gente usaria até mais.” Sem carro, Marli já recorreu ao moto-táxi por ser mais barato, mesmo sabendo que é menos seguro.

Mesmo quem usa pouco percebeu o aumento. A vendedora Ingrid Angélico, de 28 anos, tem moto, mas usa o aplicativo uma vez por semana para levar a filha ao médico. Ela percebeu que a corrida que antes custava R$ 12 agora chega a R$ 17. “Parece pouco, mas pesa. Cinco reais por semana, ida e volta, no mês já dá uma diferença boa”, comenta.

Preço de corridas por aplicativo dispara e vira o grande vilão da inflação
Marli Fernandes em entrevista com o Campo Grande News (Foto: Henrique Kawaminami)

Do outro lado do volante - Os motoristas afirmam que os ganhos não acompanham a alta no preço das corridas. Heitor Franco, que dirige por aplicativo há 10 meses, relata que os repasses seguem baixos. “O passageiro paga R$ 40 numa corrida, e a gente recebe R$ 22, às vezes menos. Já teve viagem em que pagaram menos de R$ 1 por quilômetro rodado.”

Ele explica que a diferença está nos algoritmos das plataformas, que ajustam o valor cobrado ao passageiro de forma dinâmica, mas não necessariamente aumentam o repasse ao motorista. “Como são poucos aplicativos dominando o mercado, a gente acaba preso. Se não trabalha, não recebe.”

O aposentado Roberto Leão, de 67 anos, também reclama da retenção. Ele diz que, mesmo em horários de maior demanda, a fatia que fica com o motorista não cresce. “Já vi a Uber pegar até 40% do valor da corrida. O valor que chega para a gente varia, mas não está acompanhando a alta dos preços.”

Preço de corridas por aplicativo dispara e vira o grande vilão da inflação
Heitor Franco, motorista de aplicativo, fala sobre realidade do volante (Foto: Henrique Kawaminami)

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