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Economia

Venda de etanol direto das usinas aos postos pode não baixar preço ao consumidor

Cadeia produtiva teria que se adequar e não há certezas de que os preços cairiam para o consumidor

Rosana Siqueira | 27/01/2020 13:18
Alíquiota do etanol deverá cair a partir do próximo mês de 25% para 20% em MS. (Arquivo)
Alíquiota do etanol deverá cair a partir do próximo mês de 25% para 20% em MS. (Arquivo)

O debate sobre a venda de etanol diretamente das usinas para os postos, bandeira amplamanete defendida pelo Governo Bolsonaro para baixar o preço do combustível - ainda precisa avançar e dirimir entraves na cadeia produtiva do setor sucroenergético. A opinião é do presidente da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda Filho. As mudanças podem não ter os efeitos esperados de redução nos valores como defendem os entusiastas da medida.

Apesar da grande produção do combustível em MS, cerca de 3,1 bilhões de litros no ano passado e proximidade de usinas no Estado, Hollanda explicou que estas questões estão atreladas a vários elos da cadeia produtiva. “As usinas não são as únicas responsáveis pelo preço final do etanol. Existe a cadeia de distribuição que tem seu papel, e o Governo, a tributação. Em São Paulo, por exemplo que é o maior consumo do Brasil, tem portanto tem uma lógica de mercado diferente . Lá o governo pode baixar o imposto sabendo que o retorno em consumo irá valer a pena", salientou.

Hollanda lembra que o Governo de MS agora fez no final do ano passado, um programa que reduz a cobrança de ICMS de 25% para 20% na tributação do etanol. "Começa a valer em fevereiro e já estamos fazendo estudos para ver os impactos positivos. Defendo que quanto mais competividade o etanol tiver, melhor pra nós e para o povo”, destacou.

Outro ponto destacado pelo presidente da Biosul foi a venda direta de etanol das usinas para os postos que na opinião dele é bastante polêmica. “Vemos alguns perigos já porque a operação de distribuição nunca vai deixar de existir. Mas por exemplo não existe esta história do etanol sair daqui e ir pra SP e depois voltar. Produzimos nas usinas o álcool etanol hidratado, aquele vai direto na bomba e abastece e o etanol anidro que vai em 27% de mistura na gasolina. Toda gasolina precisa de mistura. O Brasil deu exemplo para o mundo quando usou o etanol de aditivo, alguns lugares usam aditivos que são fortes ou tóxicos. Os EUA copiou nosso exemplo e hoje já mistura 10% de etanol na gasolina”, salientou.

Hollanda lembra que é preciso saber se vai realmente cair os valores e quais os impactos no preço final. “Eu tenho feito estudos sobre o tema. Esperamos que quanto mais competitivo for o mercado melhor pra gente. Mas precisamos com a sociedade, já que às vezes a expectativa é maior que a realidade neste assunto”, esclareceu lembrando que o etanol vendido em Campo Grande, por exemplo, não tem usina muito perto.

“Então e a usina que quiser vender direto para o posto daqui, o etanol vai ter que sair da usina e vir pra cá do mesmo jeito que faz com a distribuidora. Só que aqui na usina os caminhões são enormes o caminhão bitrem de até 60 mil litros. Já o que traz até os postos são de 30 mil litros mas com módulos pequenos . Isso demora mais a carregar, custo diferente. Por isso defendo que tem que fazer análise com calma”, destacou.

Roberto Hollanda da Biosul estima que 17 usinas podem obter certificado do Renovabio
Roberto Hollanda da Biosul estima que 17 usinas podem obter certificado do Renovabio

RenovaBio - Com 19 usinas de etanol em operação, o setor sucroenergético de Mato Grosso do Sul inicia o ano em nova fase, com o RenovaBio. O programa que prevê uma produção mais limpa na indústria, e que entrou em vigor em dezembro já conta com 17 usinas de etanol de MS inscritas e 13 próximas da certificação. Com a implantação do programa o País passará a ser uma potência ainda maior na geraçãod e energias renováveis.

Na avaliação de Hollanda, o programa é importante para alavancar ainda mais a produção do setor. “É um plano de Estado não de Governo. As tratativas do programa começaram em 2016 e tive muita satisfação em participar da elaboração. O RenovaBio veio na direção de acordos internacionais que o Brasil tinha assumido na redução das emissões. O Brasil já é uma potência verde no mundo e ainda assim assumiu compromissos muitos ousados”, destacou.

O presidente da Biosul explica que o programa reforça a imagem positiva do Brasil nesta área. “Ao contrário do que muita gente pensa, o Brasil é sim referência no mundo em termos de ser potência verde e ecologicamente correta. Por outro lado, o País vem numa crise muito grande e nosso setor foi afetado. O País tem problema do desemprego então um estimulo como este programa ao nosso setor é muito importante. Não se trata de subsídio, não é imposto. Pelo contrário é um programa muito inteligente que foi formulado de forma democrática”, adiantou. “Hoje o Brasil hoje dá exemplo para mundo no setor de bioenergia”, frisou.

Pelo programa quanto mais eficientes as usinas forem em relação ambiental, melhor graduadas no RenovaBio elas serão. “É a busca pela eficiência. O setor está muito satisfeito porque este programa vai alongo prazo elevar a participação do biodiesel não só nos biocombustíveis do etanol, mas biodiesel o biogás, biometano Brasil parte para ser uma potência ainda maior das energias renováveis”.

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