Aos 16 anos, Bethânia está no grupo que entra na universidade após ação judicial
Estudante do ensino médio foi aprovada no vestibular de inverno da Universidade Católica Dom Bosco

Nesta segunda-feira, Bethânia Rodrigues Reis, de apenas 16 anos, vai viver um dia que muitos estudantes só alcançam após concluir o ensino médio: o início das aulas na universidade. Estudante do 3º ano em Campo Grande, ela foi aprovada no vestibular de inverno da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), mas precisou recorrer ao Judiciário para garantir a matrícula no segundo semestre. Após o processo, a família obteve decisão favorável. “Estou bem feliz, bem animada”, comemorou.
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Bethânia Rodrigues Reis, de 16 anos, inicia sua jornada universitária após decisão judicial favorável. A estudante do 3º ano do ensino médio foi aprovada no vestibular de inverno da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), em Campo Grande, e precisou recorrer à Justiça para garantir sua matrícula. O caso não é isolado e tem gerado debates no setor educacional. Outros estudantes também conseguiram autorizações judiciais semelhantes, incluindo o filho da prefeita de Campo Grande. Autoridades educacionais alertam sobre a necessidade de cautela, considerando não apenas o desempenho cognitivo, mas também a maturidade socioemocional dos jovens.
Bethânia conta que não tinha a intenção imediata de ingressar no ensino superior. Ela já havia feito o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em anos anteriores e se preparava para enfrentar a maratona de provas no fim do ano. Mas, quando surgiu a oportunidade do vestibular de inverno, decidiu fazer a prova como treinamento.
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O que era apenas teste resultou em aprovação e abriu a possibilidade de antecipar os planos. “Conversei muito com meus pais, com a escola e com a minha psicóloga. Entendemos que, como já estava na metade do terceiro ano, seria possível. Foi quando entramos na Justiça”, contou.
O pedido, no entanto, foi inicialmente negado pela juíza Katy Braun do Prado, da Vara da Infância, Adolescência e do Idoso. A família recorreu e, em segunda instância, outra juíza analisou novamente as notas da aluna, seu desempenho no Enem e sua maturidade intelectual, dando parecer favorável.
A mãe da adolescente, a professora universitária Fernanda Reis, disse que a decisão foi tomada em conjunto, com cautela. “Discutimos muito em família e percebemos que não seria prejudicial. Bethânia sempre foi dedicada, responsável. Nunca precisamos cobrar. Sabemos que vai trilhar esse caminho com seriedade”, afirmou.
O caso de Bethânia, no entanto, não é isolado. Diariamente, o Diário da Justiça publica diversas ações envolvendo mandados de segurança semelhantes. Neste mesmo semestre, o filho da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Adriane Lopes, PP), também foi aprovado no vestibular de inverno da UCDB para o curso de Medicina Veterinária antes de terminar o ensino médio. A família também recorreu à Justiça e conseguiu. Ele começou a estudar na semana passada. “É o sonho dele desde criança”, disse Lídio Lopes (Lídio Lopes, sem partido). Segundo o deputado, mesmo antecipando o ensino médio, o filho vai participar da formatura do terceiro ano com os amigos.

Em fevereiro, a Justiça de Maracaju autorizou um adolescente de 17 anos, aprovado em Agronomia na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), a receber o certificado antecipado. Em Campo Grande, outra estudante conseguiu liminar para ingressar em Medicina, em Araçatuba (SP), com direito a multa diária caso a vaga não fosse garantida.
A multiplicação dos casos acendeu um debate no setor educacional. No início do mês passado, a juíza Katy Braun convocou escolas particulares da Capital para discutir o tema, que também atinge escolas públicas. A presidente do Conselho Estadual de Educação, Celi Correa Neres, destacou que o fenômeno se tornou um desafio nacional.
O secretário estadual de Educação, Hélio Daher, também defende cautela. Ele reconhece que a Justiça costuma se basear no desempenho cognitivo dos alunos, mas alerta para a falta de maturidade socioemocional em alguns casos. “Estamos vendo adolescentes de 15 anos com depressão e ansiedade, resultado dessa queima de etapas. É preciso permitir que o aluno preparado avance, sem cercear seu direito, mas evitando que jovens imaturos ingressem precocemente na universidade”, ponderou.
Conforme Bethânia, está pronta para a nova etapa. Mesmo mais jovem que a maioria dos colegas, não teme dificuldades de socialização. “Tenho vários amigos que já estão na faculdade. É uma questão de adaptação. Estou animada, mudou completamente meu ano. Fiz a prova sem grandes expectativas e hoje estou aqui, começando uma nova fase”, afirmou, confiante.
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