‘Aposentada’ aos 15, campeã sul-americana disputa Intercolonial no Guanandizão
Evelyn Tomi, medalhista de ouro em sul-americanos, parou de ‘treinar sério’ para se dedicar aos estudos

O sonho de disputar as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, ficou pelo caminho. Ganhadora do Prêmio Brasil Olímpico de 2008 como destaque nacional no cenário escolar, a mesatenista Evelyn Tomi, de 15 anos, trocou as raquetes pelos estudos e agora joga apenas “para rever os amigos”.
“Parei de treinar sério por conta dos estudos. O valor que se dá ao tênis de mesa é pouco, ainda mais em Campo Grande”, lamenta a atleta, que começou jogar aos 6 anos.
Evelyn ganhou destaque no cenário nacional em 2008 após conquistar três medalhas de ouro nas Olimpíadas Escolares, etapa 12 a 14 anos, em Poços de Caldas (MG). O feito lhe rendeu uma homenagem do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
Desde então a estante de troféus ficou pequena. No ano seguinte, conquistou três ouros, uma prata e um bronze no Campeonato Sul-ameircano mirim, na Venezuela, um ouro e uma prata nas Olimpíadas Escolares, no Paraná, prata e bronze nos Jogos Escolares Sul-Americanos, no Equador, além do Campeonato Estadual mirim.
Ano passado, mesmo sem treinar, ganhou o bronze individual e ouro por equipes nas Olimpíadas Escolares, etapa 15 a 17 anos, disputadas em Curitiba (PR).
“Hoje não treino. Jogo mais para rever os amigos, brincar um pouco”, conta a atleta, que não vê nas medalhas as principais conquistas no esporte. “O tênis de mesa me deu saúde, melhorou minha concentração, o preparo físico”, enumera.
Mesmo ‘aposentada’, Evelyn é uma das principais atletas que disputam o Campeonato Brasileiro Intercolonial de Tênis de Mesa, que começou nesta sexta-feira e segue até o próximo domingo no ginásio Guanandizão, em Campo Grande.
O torneio reúne cerca de 700 atleas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, que conta com uma delegação de 50 mesatenistas.
Menina prodígio - Dois anos mais velha que Evelyn, a paulista Lia Ohira, de 17 anos, não chegou jogar contra a sul-mato-grossense. Porém, conhece os feitos da jovem. “Já conhecia alguns atletas aqui de Mato Grosso do Sul, principalmente a Evelyn. Falavam que ela era a menina prodígio do Brasil”, lembra.
Lia já disputa sua sétima edição do Intercolonial, e está na capital sul-mato-grossense pela segunda vez. “O calor é o mesmo”, brinca. “Lá [em São Paulo] a estrutura é a mesma, mas o clima é bem diferente”, completa.
Falta de incentivo - Campeão mundial de seleções da 2ª divisão em 2004, o técnico Reinaldo Hideo, de São Caetano (SP), aponta a falta de incentivo “financeiro e estrutural” como principais problemas para a manutenção de atletas na modalidade.
“Hoje o atleta chega em uma certa idade e ele decide que é melhor estudar, pois não tem estrutura e apoio financeiro para continuar no esporte”, afirma Hideo, que cita um companheiro famoso. “Os que são muito bons, como o Hugo Hoyama, conseguem sobreviver do tênis de mesa. Às vezes o atleta tem qualidade, mas nem chega na categoria adulta”, completa.
Hoje técnico das categorias menores da seleção brasileira, Hideo já conquistou nove medalhas de ouro em sul-americanos e outras cinco em torneios latino-americanos. Pela segunda vez em Campo Grande - a primeira foi em 1998 -, além de comandar os mais jovens, ele vai jogar nas categorias adulto e especial.
“Mudou muita coisa de 98 pra cá, mas o calor aqui é o mesmo”, finaliza.