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Esportes

Federação de futebol espera renovar patrocínio de empresa investigada

Presidente do Operário, Estevão Petrallás, diz que o clube é vítima da empresa

Paulo Nonato de Souza | 22/11/2017 15:55
A comemoração da conquista do título de 2017 pelo Corumbaense com o banner do patrocinador do campeonato ao fundo. Federação admite intenção de discutir bases da renovação do contrato de patrocínio com a empresa investigada pela Polícia Federal (Foto: Arquivo)
A comemoração da conquista do título de 2017 pelo Corumbaense com o banner do patrocinador do campeonato ao fundo. Federação admite intenção de discutir bases da renovação do contrato de patrocínio com a empresa investigada pela Polícia Federal (Foto: Arquivo)

A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), considera em dia o cumprimento da programação das competições oficiais organizadas pela entidade na temporada de 2017 com o patrocínio da empresa Company Consultoria Empresarial, alvo de investigação da Polícia Federal na Operação Ouro de Ofir, deflagrada na última terça-feira (21), por lavagem de dinheiro.

“Sobre o contrato de 2017 está tudo ok”, declarou o presidente da entidade máxima do futebol sul-mato-grossense, Francisco Cezário de Oliveira, em entrevista ao Campo Grande News nesta quarta-feira (22), via whatsapp. Apesar da insistência com inúmeras chamadas no seu celular, o dirigente da FFMS não atendeu as ligações e preferiu responder as perguntas pelo aplicativo multiplataforma de mensagens.

Diante da situação da empresa perante a Justiça, inclusive com a prisão de Celso Éder Gonzaga de Araújo, que aparece na operação da Polícia Federal como dono da Company, Cezário não pareceu muito seguro sobre a renovação do contrato de patrocínio para a temporada de 2018, que será aberta no dia 17 de janeiro com a disputa do Campeonato Estadual da Série A.

Francisco Cezário de Oliveira, presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (Foto: Arquivo)
Francisco Cezário de Oliveira, presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (Foto: Arquivo)

“Digo que 15 de dezembro estava agendado para tratar de 2018”, afirmou Cezário. Pelo que informou, a data havia sido agendada antes da operação da Polícia Federal para discutir com a empresa as bases de renovação do acordo para a próxima temporada.

Nos clubes – A investida da Company como patrocinadora do futebol profissional em Mato Grosso do Sul se resume ao Operário e Federação. Segundo uma fonte da FFMS, o Clube União/ABC, que logo depois de a operação da Polícia Federal ser deflagrada foi apontado como um dos patrocinados, teve em seu elenco jogadores contratados e bancados pela empresa na disputa do Campeonato Estadual deste ano.

“Isso não caracteriza patrocínio ao clube. O empresário tem os jogadores contratados e banca a participação deles em um determinado time para que se mantenham em atividade e assim possam aparecer para o mercado. É uma situação normal até nos grandes clubes”, explicou.

Estevão Petrallás, presidente do Operário Futebol Clube, de Campo Grande (Foto: Divulgação)
Estevão Petrallás, presidente do Operário Futebol Clube, de Campo Grande (Foto: Divulgação)

A Company iniciou pelo Operário de Campo Grande o seu projeto de patrocínio no futebol sul-mato-grossense, e na sequência passou a patrocinar também a FFMS, o que no mínimo seria antiético, considerando que a Federação é a entidade promotora das competições, e qualquer lance duvidoso em campo, pró-Operário, poderia gerar especulações de favorecimento.

“Nosso compromisso com a Company terminou em abril, e posso assegurar que a nossa relação era de patrocinador e patrocinado, nada além disso. O Operário é vítima dessa empresa”, declarou o presidente operariano.

Petrallás lembrou que a Company atrasou os repasses mensais na fase decisiva do Campeonato Estadual e o clube não teve como manter em dia a folha salarial dos jogadores e comissão técnica.“Dependíamos do repasse e como o dinheiro não entrou atrasamos os salários e o reflexo disso veio em campo com a nossa desclassificação na semifinal”, declarou o dirigente do Operário.

Jogadores do Operário com o patrocínio da empresa investigada pela PF na camisa durante o Campeonato Estadual de 2017 (Foto: Arquivo)
Jogadores do Operário com o patrocínio da empresa investigada pela PF na camisa durante o Campeonato Estadual de 2017 (Foto: Arquivo)

Conforme apurou o Campo Grande News, o contrato de patrocínio do Operário com a Company previa repasse de R$ 65 mil mensais, e a empresa deixou de depositar o dinheiro a partir de janeiro. No total, a dívida atualizada da empresa para com o clube está na casa de R$ 260.213,25, referente ao contrato de patrocínio firmado em outubro de 2016 para disputa do Campeonato Estadual de 2017.

“A Company passou a nos pagar em pequenas parcelas e na reta final do campeonato a situação financeira do clube ficou bastante complicada. Tive que vender bens pessoais para saldar dívidas do Operário”, disse Estevão Petrallás.

Histórico – A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram a Operação Ouro de Ofir para desarticular o que apontaram como organização criminosa que vinha atuando na forma de uma instituição financeira clandestina em Campo Grande, sede do esquema, Terenos, Goiânia (GO) e em Brasília (DF).

Segundo a Polícia Federal, o esquema era baseado na existência de uma suposta mina de ouro com promessas de lucros exorbitantes na sua exploração e comercialização mediante pagamento de taxas de adesão.

Ouro de Ofir – Personagem bíblico, Ofir é o nome de uma cidade mencionada no Antigo Testamento como famosa pela sua grande produção de ouro e prata. O ouro de Ofir era fino, puro e raro. “Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir" - (Isaías 13.12).

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