Judoca do Nhanhá precisa de R$ 10 mil para representar MS no Peru
Aos 13 anos, Juan tenta custear a viagem ao campeonato internacional e levar o nome do Estado até Lima
Em meio ao cenário de vulnerabilidade e criminalidade do Jardim Nhanhá, um garoto de 13 anos decidiu trilhar um caminho diferente. Enquanto muitos da mesma idade crescem cercados por violência, Juan Júnior dos Santos Gonçalves encontrou no judô a chance de mudar o próprio destino. Agora, o atleta precisa juntar cerca de R$ 10 mil até o dia 10 de novembro para representar Mato Grosso do Sul no Campeonato Pan-Americano Sub-13 e Sub-15, que será disputado em Lima, no Peru.
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Juan Júnior dos Santos Gonçalves, judoca de 13 anos do Jardim Nhanhá, em Campo Grande, busca apoio financeiro para participar do Campeonato Pan-Americano Sub-13 e Sub-15 em Lima, Peru. O atleta, que já conquistou medalha de bronze na mesma competição em 2023, precisa arrecadar R$ 10 mil até 10 de novembro. Praticante da modalidade desde os 7 anos, Juan é atual campeão brasileiro Sub-15 e representa uma história de superação em meio à vulnerabilidade social de seu bairro. A família iniciou uma campanha de arrecadação após não conseguir apoio suficiente da Federação de Judô de Mato Grosso do Sul para custear a participação no torneio continental.
A competição acontece de 3 a 7 de dezembro e reúne os melhores atletas do continente. Juan conquistou a vaga ao ser campeão brasileiro de judô Sub-15 neste ano e já sabe o que é competir fora do País. Em 2023, ficou em 3º lugar no mesmo Pan, voltando para Campo Grande com a medalha de bronze e a certeza de que o tatame pode levá-lo muito além do bairro onde nasceu.
“É muito importante para mim. Eu tenho um sonho muito grande de ser campeão deste campeonato. Já participei uma vez e fiquei em terceiro lugar. Estou no oitavo ano, comecei do zero e agora estou saindo até do País. Meu sonho é chegar às Olimpíadas”, conta o judoca.
O judô entrou na vida de Juan quando ele tinha apenas 7 anos, por meio da Associação Judô Futuro, projeto social que dava aulas na Escola Municipal Padre Heitor Castoldi. Foi ali, no mesmo bairro onde o barulho das sirenes é parte da rotina, que ele descobriu outro tipo de luta. “Tinha muitas amizades novas. Pra quem tava começando, os treinos eram mais de boas”, lembra o menino, hoje faixa roxa e atleta federado pela Federação de Judô de Mato Grosso do Sul e pela CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
A mãe, Maria de Jesus dos Santos, 46 anos, e o pai, José Olímpio Gonçalves, 54, acompanham cada passo. No ano passado, chegaram a fazer um empréstimo de mais de R$ 10 mil para bancar a viagem que rendeu a primeira medalha internacional do filho. Agora, a família tenta repetir o feito, mas sem se endividar.
“Fomos atrás de rifa e patrocínio, mas acabamos não conseguindo. Fizemos uma vaquinha online; pode ser qualquer tipo de ajuda”, explica Maria.
Antes de iniciar a campanha, a família procurou a Federação de Judô de Mato Grosso do Sul para pedir apoio. A entidade informou que analisa a possibilidade de custear parte das despesas de Juan e de outros atletas convocados para o Pan-Americano, mas ainda não há confirmação. Segundo o presidente da federação, nove crianças precisam dessa ajuda, e um pedido de apoio já foi encaminhado ao Governo do Estado. Como ainda não há certeza, devido ao número de atletas que precisam do apoio, e o prazo para pagamento da inscrição está próximo, a vaquinha segue em andamento.
A rotina é puxada. Juan treina duas vezes por dia em polos diferentes da cidade e ainda encontra tempo para incentivar outras crianças do bairro. “Ele incentivou várias crianças a irem pro judô. A gente vai conversando, vai ajudando. Ele acredita que o esporte muda mesmo”, diz a mãe.
Entre becos e vielas onde a marginalização vem dominando, Juan prefere olhar par ao esporte como futuro. O menino, que poderia ser mais um número nas estatísticas de um bairro esquecido, virou exemplo de superação e orgulho para a comunidade.
O Pan-Americano, que será disputado em Lima, é o maior desafio da carreira até agora. A Confederação Brasileira de Judô exige o pagamento da inscrição até 10 de novembro, às 16h, e o valor de adesão é de R$ 6.536,00, sem incluir passagens. O custo total, com transporte e hospedagem, chega a cerca de R$ 10 mil.
“Ele sonha em representar não só o Estado, mas o bairro. É o orgulho do Nhanhá”, reforça a mãe.
Quem quiser ajudar pode contribuir pela vaquinha online ou entrar em contato diretamente com Maria de Jesus pelo telefone (67) 99112-3191. Cada contribuição aproxima o judoca do Pan e mostra que, mesmo nos lugares mais esquecidos da cidade, ainda brotam histórias de esperança.
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