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Esportes

Profecia de irmão, “o craque da família ainda está por vir”

Paulo Nonato de Souza | 14/07/2015 08:11
Roberto de Assis Moreira, com o irmão Ronaldinho Gaúcho. Em 1987 já previa o sucesso do craque da família (Foto: Arquivo)
Roberto de Assis Moreira, com o irmão Ronaldinho Gaúcho. Em 1987 já previa o sucesso do craque da família (Foto: Arquivo)

Em 1987, a Seleção Brasileira se preparava para a Copa América da Argentina, na então recém inaugurada Granja Comary, em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, e lá estava eu pela Record de São Paulo. Com uma agenda repleta de boletins diários, a maioria ao vivo, tinha que acompanhar tudo em detalhes sem deixar nada escapar, como é de praxe a missão de todo repórter que se preza.

Mas, em uma certa manhã chuvosa e fria, aliás, isso é quase lugar comum em se tratando de Teresópolis, estava eu e toda a imprensa credenciada acompanhando atentamente o treino da Seleção principal, quando chega o colega da TV Globo, Tino Marcos, em início de carreira, mas já muito respeitado e querido por todos, com uma informação em tom de convocação: “Ae galera, esse treino está meio devagar e craque mesmo está lá no outro campo”. Ele se referia ao meia-esquerda Assis, do Grêmio de Porto Alegre, que treinava no campo ao lado com a Seleção Brasileira Sub-17, em preparação para a Copa do Mundo da categoria, no Canadá.

O treino coletivo do time principal, comandado pelo técnico Carlos Alberto Silva, seguia monótono, quase sonolento, mesmo tendo em campo craques como Careca, Bebeto, Romário, Müller, Jorginho e Raí. Então, fui o primeiro a seguir a sugestão do Tino Marcos e não demorou muito lá estava a maioria dos repórteres no gramado ao lado, de olho em Assis. Era mesmo um jogador habilidoso, um camisa 10 diferenciado, que surgia em uma daquelas fases de escassez de talentos no futebol brasileiro.

Assis e o garotinho Ronaldo, duas revelações do Grêmio de Porto Alegre (Foto: Arquivo)
Assis e o garotinho Ronaldo, duas revelações do Grêmio de Porto Alegre (Foto: Arquivo)

Criativo, o gaúcho Assis comandava as ações ofensivas de um time formado por jogadores de pouco talento, tanto que, mesmo com o título mundial conquistado naquele ano no Canadá, ninguém se destacou, além dele próprio e o goleiro Carlos Germano, do Vasco da Gama. Passes precisos, sabia usar a perna esquerda como poucos, sobretudo nos lançamentos, e não arredamos o pé do treino da Seleção Sub-17, alguns repórteres até optaram por acompanhar os dois treinos ao mesmo tempo.

Quando terminou o treinamento da Seleção Sub-17 todos foram em direção a Assis, que reagiu surpreso. “Mas bah tchê, não acredito que vieram aqui por mim?”. Um colega do jornal “O Estado de Minas” apressou-se em responder: “Temos que estar onde os craques estão”. E aí Assis fez uma profecia que viria a se confirmar alguns anos mais tarde: “O craque da família ainda está por vir”. Na época, seu irmão caçula, Ronaldinha Gaúcho, tinha apenas 7 anos de idade.

Inegavelmente, Assis era um talento como jogador e ficamos encantados com seu futebol naquele treino na Granja Comary, mas ele estava coberto de razão e nós nem tanto. Seu sucesso na Seleção, por exemplo, não foi além da categoria Sub-17. Por conta de uma lesão de joelho, que o atrapalhou no Grêmio, foi jogar pelo Sion, da Suíça, onde ficou de 1992 a 1998, depois disso virou um cigano do futebol com passagens por vários clubes, inclusive do Brasil, e abreviou o fim da carreira para se tornar empresário do irmão, o craque da família, como ele próprio vaticinou.

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