Além de colocar bota, Thiago confere todos os dias se ‘Mané’ segue calçado

O dono da bota que está no pé da estátua do poeta Manoel de Barros, na Avenida Afonso Pena, apareceu. O estudante de aviação Thiago Pereira Freira de Andrade, 35 anos, carinhosamente chama o autor de “Mané” e explica como decidiu fazer a intervenção no monumento que está há 2 anos e três meses sem pé.

“Faz uma semana que passei lá de carro com meu pai e falei: ‘coitado do veinho, continua sem pé’. Aí meu pai falou que tinha que por uma bota nele. Eu prometi que iria trazer assim que desse tempo”, conta.

Na última segunda-feira (17), Thiago decidiu colocar em prática a ideia. Levou o lado do par de bota mais bonito que tinha sobrando em casa e pensou até mesmo em como iria amarrar o sapato na estrutura de bronze.

“Coloquei um ‘esgoela gato’ e apertei. Algumas pessoas que passavam na hora comemoraram, dizendo ‘até que enfim’. Agora, eu vou lá todos os dias para dar uma olhar e conferir se precisa dar mais uma apertada para ela não ser levada. Mas se isso acontecer, vou colocar outra bota no Mané”, afirma.

Sem saber nenhum poema da Manoel, o estudante diz que se simpatizou com a estátua por conta do sorriso do poeta. “É diferente. Parece que ele está sorrindo pra mim. Aí eu fiz isso porque fiquei com dó. Acho que as pessoas tinham que dar mais valor e lembrar das belezas da nossa cidade. É triste você ver uma Capital tão linda e chega no ‘Mané’ e ele tá sem pé. Acredito que quem gosta do monumento, não vai tirar a bota”.

Entenda - A obra pesa aproximadamente 400 quilos, a escultura em bronze foi montada em dezembro de 2017 como forma de os campo-grandenses homenagearem os 101 anos de nascimento do poeta. Antes mesmo de ser instalada, recebeu sua primeira restauração devido ao transporte inadequado da obra à época.

A restauração da estátua de Manoel de Barros, que está sem o pé esquerdo desde abril de 2021, ainda não tem data para começar. O processo da contratação do artista está em trâmite na Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

Em nota, a Fundação comunicou que um novo processo está correndo e assim que a contratação do artista Ique Woitschach, criador da obra, estiver formalizada, será divulgado o valor da restauração: “Com o processo de contratação finalizado, o artista deve restaurar a estátua em torno de até 90 dias, após a assinatura do contrato”.

Em abril deste ano, a FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) divulgou nota informando que estava tentando negociar a restauração do monumento, com investimento de aproximadamente R$ 140 mil.

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