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Artes

Com teatro na rua, Imaginário Maracangalha é referência em livro didático do MEC

O grupo de teatro foi fundado há 11 anos, em Campo Grande, e ganhou destaque nacional

Eduardo Fregatto | 25/06/2017 07:15
O grupo durante apresentação da peça “Areôtorarea – O vergo negro e bororo do índio profeta”, de 2012. (Foto: Everson Tavares/Divulgação)
O grupo durante apresentação da peça “Areôtorarea – O vergo negro e bororo do índio profeta”, de 2012. (Foto: Everson Tavares/Divulgação)

O Teatro Imaginário Maracangalha, grupo fundado em Campo Grande, se tornou referência nacional sobre teatro de rua independente e político. O ator Fernando Cruz, 53 anos, conta que foi pego de surpresa quando se deparou com o Maracangalha estampado nas páginas do livro didático “Projeto Mosaico - Arte”, do Plano Nacional do Livro de Didático, do Ministério da Educação (MEC).

O livro é utilizado nas escolas da rede público de todo o país. “Uma professora de Artes, amiga nossa, foi quem viu primeiro e nos contou”, diz Fernando, que fundou o Imaginário Maracangalha há 11 anos. “Foi uma ideia minha, de ter um grupo em Campo Grande que trabalhasse especificamente na rua. A rua me deixa muito mais livre, traz novas possibilidades de criação, é surprendente pelo dinamismo”, explica.

No livro do MEC, há uma imagem do espetáculo “Areôtorarea – O vergo negro e bororo do índio profeta”, de 2012. Em sua longa trajetória, o Maracangalha ficou conhecido por seus espetáculos cheios de questões e reflexões políticas, abordando temas como racismo, conflito indígena, identidade racial, machismo e outros.

A capa do livro didático distribuído nas escolas públicas pelo Ministério da Educação.
A capa do livro didático distribuído nas escolas públicas pelo Ministério da Educação.
A página em que o Imaginário aparece como referência de teatro de rua da região Centro-Oeste.
A página em que o Imaginário aparece como referência de teatro de rua da região Centro-Oeste.

Entre os vários momentos marcantes, Fernando cita a peça “Tekoha – Ritual de vida e morte do Deus Pequeno”, que trata do genocídio do povo Guarani Kaiowá e a vida de Marçal de Souza. “Nós circulamos nacionalmente com esta montagem e, a cada comunidade que passamos, o público tem uma leitura e uma identificação, desperta essa consciência sobre o tema”, avalia o ator.

“Tekoha” foi um dos ganhadores do Prêmio Petrobrás de Teatro e foi selecionado por vários festivais pelo Brasil. Inclusive, em julho, o Imaginário levará a peça para o Festival Internacional de Teatro de Rio Preto, ao lado de companhias internacionais. “Fomos escolhidos entre 700 espetáculos”, ressalta Fernando.

O Imaginário nas ruas da Capital. (Foto: Uari de Arruda e Vitor Samudio/Divulgação).
O Imaginário nas ruas da Capital. (Foto: Uari de Arruda e Vitor Samudio/Divulgação).

Ao longo dos 11 anos de produções na Capital, o ator acredita que o Maracangalha desempenhou e continua desempenhando um papel importante dentro do cenário artístico e teatral da cidade e do estado. “Muitos atores passaram pela formação do grupo, até por verem essa possibilidade da rua ser um espaço de criação artística, viram que a arte não é só do espaço fechado”, pontua. “Até com o próprio Sarobá, que estimulou muitos grupos e associações culturais a fazerem eventos na rua. Isso tudo inspira as pessoas a olharem melhor para cidade, verem as praças e as ruas como lugares de fruição artística”, define.

O Sarobá, evento itinerante promovido pelo grupo, reúne diversas manifestações culturais em locais públicos da cidade, escolhendo bares e botecos tradicionais e fazendo a festa nas ruas e praças no entorno.

Com o reconhecimento nacional do Maracangalha, Fernando diz que o grupo não só ganha mais fôlego, como também reafirma seu papel relevante para o teatro de rua sul-mato-grossense. “Ficamos com a certeza de que fazemos um trabalho sério, importante, e de que estamos no caminho certo”, resume.

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Fernando, em pé, durante uma das intervenções do grupo. (Foto: Uari de Arruda e Vitor Samudio/Divulgação)
Fernando, em pé, durante uma das intervenções do grupo. (Foto: Uari de Arruda e Vitor Samudio/Divulgação)
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