Em filme de Ney Matogrosso, Mato Grosso do Sul fica apenas no detalhe
Cantor é de Bela Vista, mas cidade não é citada, Campo Grande aparece em uma fala

Atenção: os próximos parágrafos contêm spoilers. Não daqueles que revelam o final da novela, mas suficientes para você querer ver o filme com olhos mais atentos.
Vamos ao que interessa: o filme do Ney. Sim, Ney Matogrosso. O homem de voz aguda e presença felina ganhou um longa-metragem para chamar de seu, “Homem com H”, que estreou nesta quinta-feira (1º) nos cinemas. Fomos assistir em Campo Grande, naquela típica sessão de feriadão em que o público vai mais para o shopping do que para a sétima arte. A sala? Meio cheia. Ou meio vazia, depende do seu humor. Mas merecia mais, porque o filme, esse sim, está cheio de vida.
A maior curiosidade nossa era saber: e o Mato Grosso do Sul? Aparece? Ney nasceu em Bela Vista, viveu ali a infância, o que por si só já valeria um close cinematográfico. Mas o longa prefere flertar com a terra natal do cantor só de relance, como quem olha de canto e finge que não viu. Uma pista surge ali no começo, quase tímida: “Vila Militar, 1949”. Uma referência discreta, que pode ser qualquer lugar, só não é para quem sabe. Ou leu a biografia e reconhece que o músico viveu em uma vila militar em Campo Grande.
Mais para frente na trama, o nome da capital de Mato Grosso do Sul aparece na fala do pai de Ney, Antônio Matogrosso Pereira, quando ele diz que precisará dar o braço a torcer, voltar para Campo Grande e dizer à esposa, Beita de Souza Pereira, que estava errado sobre o rumo da vida do filho. Na ocasião, ele vai até o Rio de Janeiro ver a carreira de Ney, que resolveu ingressar na Aeronáutica.
Depois de sair, ainda novo, da casa onde morava com a família, ele vive uma vida "nômade", passando por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. É nessa época que Ney de Souza Pereira muda o nome e pega emprestado o sobrenome do pai para se consagrar como Ney Matogrosso.
Interpretado por Jesuíta Barbosa, o filme conta a história de Ney desde a infância em Bela Vista até grande parte da trajetória na música. Aliás, o longa retrata como era a relação com o pai, que era militar, e os envolvimentos amorosos com símbolos da música nacional como Cazuza, com quem teve um longo romance "sem status". O filme também cita Raul Seixas.

Fluido e à frente do seu tempo, Homem com H mostra como foi para o cantor trilhar a própria história e ser um dos maiores artistas da música brasileira.
O filme também retrata a chegada do vírus da AIDS e as mortes que cercaram Ney, inclusive a do próprio Cazuza e do namorado Marco de Maria. Falando nisso, Ney aparece dirigindo o último show de Cazuza e dizendo para ele fechar o espetáculo com o hit O Tempo Não Para.
A música está sempre presente nos momentos difíceis. Quando Cazuza e depois Marco morrem, ele apresenta um show visivelmente abalado, mas firme de que a arte o seguraria. Antes disso, quando o pai morre, ele interpreta a música do cantor carioca Cartola, A Vida é um Moinho.
Nessa época, Antônio chega a confessar ao filho que foi duro demais durante toda a vida por querer que ele fosse "homem". O roteiro deixa claro o descontentamento do pai e a aversão a qualquer coisa artística. "Não quero filho artista. Filho meu não vai ser viado", ele diz em uma das cenas.
Para desafiar o pai, Ney até tentou seguir carreira na Marinha, mas logo partiu para o coral, depois para o teatro e, por último, para os palcos. Um espírito livre, o artista rompe com expectativas e com o pudor imposto. O longa de 2 horas é dirigido e roteirizado por Esmir Filho, e tem no elenco Bruno Montaleone, Julio Reis e Rômulo Braga.
Homem com H nas telinhas
Quem quiser prestigiar o filme nesta sexta-feira(2) tem sessão no Cinépolis (Shopping Norte e Sul) às 13h30, 16h15, 19h e 21h45. Já no Cinemark (Shopping Campo Grane) os horários são: 12h20, 15h20, 18h10 e 21h20. No UCI (Shopping Bosques dos Ipês) há sessões às 14h10, 16h45, 19h20 e 21h55. Os horários são os mesmos durante o sábado e domingo.
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